O colega O Mago Economista, levantou a bola para um excelente tópico alguns dias atrás, a educação superior no Brasil e quero aqui deixar registrado que também enxergo esse problema.
Sou
nascido na geração dos millenials, cresci acreditando que a faculdade
era um divisor de águas na vida de uma pessoa. O meu sonho sempre foi fazer uma
graduação, pois ela me daria uma profissão boa, um bom emprego, um bom salário
de classe média e uma vida próspera e tranquila.
A minha infância e adolescência foi vivida nos tempos
áureos do governo Lula e o começo do governo Dilma, você meu amigo, pode
discordar sobre o método usado para sustentar aquele boom econômico, mas nunca
poderá discordar que havia um sentimento generalizado de que vivíamos a era do “país
do futuro”.
Tratando-se
de Brasil às coisas não eram o mar-de-rosas que pareciam, o boom econômico foi
acompanhado de um boom de faculdades pelo país. Com a economia decolando era
necessário cada vez mais “mão-de-obra qualificada”, o problema é que a explosão
de vagas no ensino superior só conseguiria refletir em qualidade e prosperidade
de vida para os formandos se a economia conseguisse se manter com um
crescimento chinês, o que não aconteceu.
O Brasil
mergulhou nos seus próprios problemas a partir de meados de 2013, naquele ano às
Jornadas de Junho, mostraram que apesar do otimismo, esse ainda era o país
do corporativismo. A economia murchou rapidamente, o governo tentava artificialmente
sustentar o boom com estímulos, mas já não era como antes.
Enquanto
isso às graduações continuavam a entregar safras cada vez maiores de alunos,
todo governante gosta de bater no peito que está investindo em educação e o diploma
universitário sempre foi respeito pelos brasileiros. O problema é que o mercado
foi inundado de profissionais até o ponto de saturação.
O que
sobra hoje? Milhões de brasileiros com diploma superior que não conseguem trabalhar
na área, quando conseguem são para eternos programas de estágio ou fazendo
simples bicos, que se colocados na ponta do lápis não valem o custo financeiro e
de tempo que tiveram.
Hoje se
você excluir Medicina, quase todos os cursos não oferecem boas perspectivas de
emprego para os recém-formados. É óbvio que um estudante formado em meia dúzia
de universidades brasileiras e em meia dúzia de cursos ainda tem boas possibilidades,
entretanto a cada dia até mesmo eles já veem um cenário mais complicado.
É só
ver a quantidade de motorista de app com ensino superior, aqui não quero criticar
quem é motorista de aplicativo, é uma profissão digna como todas as outras, mas
se você parar para perguntar o que levou o cara a optar por esse caminho, muitos
vão dizer que foi a falta oportunidades na sua área de formação. E ainda
precisamos dar graças a Deus, pois muitos e muitos brasileiros com diploma
estão desempregados e sem perspectiva alguma.
Enquanto
isso o governo segue estimulando o sonho do diploma, e cada vez mais explodem
as vagas, em especial aquelas do EAD. Ninguém está preocupado com esse
desperdício de capital humano, na verdade todo mundo fecha os olhos para o problema
e segue o jogo.
Não
estou defendendo o fim do acesso a graduação para criar uma elitização da sociedade
e negar o direito das pessoas de ter acesso ao ensino, mas acho que já passou
do momento de alguém em Brasília parar e pensar sobre o que está sendo feito, e
quantos jovens brasileiros estão desperdiçando seu tempo na esperança de um
futuro de sucesso, quando saem da faculdade direto para o abismo do desemprego.
O mais
curioso é que o jovem ainda tem que tirar o diploma de faculdade, pois é, mesmo
que ele hoje não valha nada, a superoferta garante que qualquer vaga de emprego
exija um diploma, mesmo que não faça diferença prática nenhuma para exercer a função.
E lá se vão os jovens, na eterna corrida pelo diploma, que ao mesmo tempo em que não vale nada, acaba valendo tudo.
É vergonhoso que ninguém em Brasília pareça se importar com a geração de brasileiros que está sendo desperdiçada e isso tudo na última fase da nossa janela demográfica, tudo por incompetência e corporativismo!