No post de
final de ano vocês sabem que escrevo um verdadeiro livro e dessa vez não será
diferente. Entretanto como “bônus” terão uma visão dos ativos dentro da minha
carteira.
Apesar de que é
fato de a diferença entre ontem e hoje é na prática zero, para fins psicológicos
o início e o término de um ano são muito significativos. Acredito que isso
tenha relação com a necessidade humana de sempre ter referências físicas ou psicológicos.
O convite hoje não é para discutirmos a relevância da virada de ano, e sim para
darmos uma olhada no trabalho da galera da XP que divulgou um relatório nocomeço do ano com projeções para a bolsa brasileira e alguns papéisconsiderados promissores.
A primeira previsão
deles foi que o Ibovespa terminaria o ano em 123 mil pontos, já começamos com uma
diferença entre o patamar alvo vs. realizado de -10,7%, o que imagino que deve
ser motivo de crucificação para muitos clientes da corretora que poucas semanas
atrás criticavam institutos de pesquisa por erros numericamente menores.
Outro fato
interessante é que o relatório apontava as ações preferidas da corretora em
cada setor e indicava os setores onde via os melhores “prêmios de risco”, por
isso resolvi separar justamente os três setores em que indicavam o maior prêmio
de risco e analisar o desempenho dos papéis em destaque para o ano nesses mesmos
setores.
Para fins de
referência vamos usar como benchmark o Ibovespa em 2022 (+5,59%) e o CDI (+12,39%),
ambos mensurados pelo resultado acumulado do ano.
Materiais:
A Vale apresentou uma valorização de +13,95%, entretanto o outro papel
recomendado foi a CBA com queda de -13,81%, ou seja, resultados que se
anularam.
Elétricas:
A primeira recomendação foi Omega Geração (-26,72% no ano), seguida por CESP –
incorporada pela Auren (-10,18% no ano) e Equatorial (+21,82% no ano), ou seja,
podemos dizer que foi mais um desempenho ruim das recomendações.
Financeiro:
No relatório a grande estrela no setor foi o Banco do Brasil (+20,51%). Ponto
para a turma da XP.
O que eu quero transmitir para vocês é que para minha carteira de investimentos existe muito pouco valor em seguir recomendações da Faria Lima, não existe grande taxa de acerto entre eles e parece as grandes promessas nunca se realizam. O que acho válido é sempre pararmos para analisar individualmente cada papel, entender como aquela empresa ganha dinheiro, como ela é administrada, quais são os mercados em que está inserida e principalmente como a administração da companhia está planejando e administrando o futuro do negócio.
FECHAMENTO
DEZEMBRO 2022 – FECHAMENTO ANUAL
A carteira encerrou o mês com desempenho negativo de -0,56%, no ano entregou um desempenho de +2,04%. É válido ressaltar que ao contrário do recomendado pela Planilha AdP eu considero os dividendos reinvestimentos como parte do aporte mensal.
Como
rentabilidade alternativa apresento para vocês o indicado no site Status
Invest, onde faço o acompanhamento da minha carteira.
De acordo com
esse site a carteira se valorizou em +4,50% no ano e entregou um desempenho
superior ao ano anterior.
Podemos considerar
que a carteira não tem entregado uma performance das mais animadoras e que não
venceu nem o CDI, nem o Ibovespa e se quer a tão abominada poupança. De qualquer
modo posso considerar que foi uma grande dádiva ter tido a oportunidade de
comprar bons ativos por preços descontados ao longo de 2022 e tenho a sensação
de que a carteira tem uma composição voltada muito mais para a qualidade e o longo
prazo do que um ano atrás.
Em valores nominais
o patrimônio cresceu de R$ 238.222,25 para R$ 297.505,48, ou seja, R$ 59.283,23
(+24,89%). Apesar de grande parte desse aumento ter sido por aportes e não por
rentabilidade, acho que é valido comparar com a inflação projetada de 5,9% no período,
o que mostra que estou conseguindo transformar o meu fluxo de caixa anual em
crescimento patrimonial real.
Em relação aos
dividendos recebidos posso considerar o resultado como dos mais satisfatórios.
Vamos dar uma olhada no gráfico:
Em dezembro eu
recebi o maior valor mensal da história da carteira com R$ 1.070,80 (+139,6%,
comparado a dezembro/2021) e no acumulado de 2022 alcancei R$ 5.259,40 (+85,33%).
O desempenho
dos dividendos foi muito satisfatório é por ele que conseguimos identificar uma
bola de neve em formação. A diversificação da carteira proporcionou várias
fontes de dividendos que se balanceiam entre si, em 2022 tivemos um ano com um
pouco menos de proventos do que o habitual em ativos como Itaúsa e Taesa,
entretanto outros papéis como a Gerdau e BB Seguridade apresentaram um patamar
mais atrativo de proventos pagos.
Os Fundos Imobiliários
também pagaram proventos satisfatórios, o principal destaque são os fundos de
papel que no momento mais agudo da inflação (2º Trimestre) alcançaram recordes
de proventos.
No caso do
exterior é importante ressaltar que os yields são menores, mas a estratégia via
ETFs permite que os próprios índices diversifiquem a origem dos proventos e a
segurança e diversificação da economia americana são um benefício dos mais
atrativos para a carteira.
Composição da
Carteira de Investimentos:
Como vocês
podem observar a minha carteira é muito mais conservadora do que a maioria da
blogosfera de finanças. Os ativos indexados ao CDI (LCI/LCA + Tesouro SELIC) representam
45,7% da carteira e os títulos de inflação são 9,7% do total.
Entretanto a
carteira assistiu uma redução dos ativos de renda fixa que representavam 61,3%
do total e agora alcançam 55,4%.
Por outro lado,
a participação das ações subiu de 12,7% para 19,7%.
A queda do
mercado americano não foi compensada pelos novos aportes e por isso a participação
dos investimentos do exterior recuou de 17,7% para 17,3%.
Os Fundos Imobiliários
recuaram de 7,7% para 7,2% de participação. A queda é fruto da rentabilidade
pouco atrativa e da minha frustração com essa classe de ativo onde os gestores
só conseguem me decepcionar.
Vamos dar uma
olhada dentro da categoria ações quais são os ativos que eu possuo em carteira:
Como podem
perceber a carteira continua muito concentrada em ativos do setor financeiro e de
elétricas. Eu confesso que gosto muito desses setores pois considero eles como
muito resilientes em momentos de crise e turbulência política, já que bancos conseguem
ganhar dinheiro em praticamente qualquer cenário aqui no Brasil e energia é
algo que você precisa consumir independente da crise. Os papéis preferidos
nesses setores são a Itaúsa (pela ampla participação no Itaú o banco mais eficiente
do país e pelos bons investimentos que a empresa tem feito) e a Engie (pela administração
sensata e voltada para o longo prazo e a diversificação das fontes de
receitas).
Entretanto não
deixei de lado outros setores da economia e fiz aportes em vários outros papéis
como por exemplo: Suzano, por acreditar no potencial de longo prazo dessa
empresa se tornar uma Vale do setor de papel e celulose e também em Gerdau por
conta do bom momento de caixa da empresa e as boas perspectiva no mercado brasileiro
e americano no médio-longo prazo.
Acabei deixando
um pouco de lado papéis como a Taesa (por estar com dificuldades em vencer leilões
com boas margens) e Rumo S.A (trabalhei com a vitória do Lula desde o começo do
ano, acredito que esse papel tende a sofrer mais pelo viés menos pró-iniciativa
privada do lulismo, a Rumo apesar de estar intimamente relacionada com o
agronegócio brasileiro depende de facilidade governamental para tirar do papel,
operar e rentabilizar suas operações).
Em relação aos
ativos em Fundos Imobiliários não farei grandes comentários, atualmente não
gosto de nenhum deles e vão simplesmente ficar na carteira. A tendência é irem
perdendo espaço dentro da carteira em 2023.
ATIVO |
%
da carteira de Fundos Imobiliários |
KNSC11 (Papel) |
23,0% |
CPTS11
(Papel) |
16,6% |
MALL11 (Tijolo – Shopping) |
16,5% |
HGLG11
(Tijolo – Logística) |
13,1% |
KNRI11 (Tijolo – Diversificado) |
12,5% |
RZTR11
(Papel) |
9,9% |
RURA11 (Papel) |
8,0% |
Dos ativos do
exterior a carteira é composta por IVVB11 e uma tríade de SCHD, SCHP e VNQ. Hoje
os percentuais são os seguintes:
ATIVO |
% da carteira de Ativos do
Exterior |
IVVB11
(ETF brasileiro do S&P500) |
45,0 |
SCHD (ETF de Dividendos) |
31,0 |
SCHP
(ETF de Inflação) |
13,5 |
VNQ (ETF de Real Estate) |
10,4 |
Nos ativos do
exterior alguns colegas já me perguntaram o motivo de não escolher ativos
individuais e preferir pagar taxas de administração em ETFs. Posso explicar
isso de uma forma muito simples: nunca viajei para os EUA e se quer conheço um
americano pessoalmente, tendo em vista que sou completamente alheio a economia
americana na prática considero que usar os mesmos critérios que utilizo no Brasil
para escolher empresas pode ser um caminho arriscado.
Apesar de perder um pouco de rentabilidade com
os ETFs acredito que são uma forma simples e diversificada de ser exposto a economia
dos EUA. Na escolha dos ativos tenho preferido ETFs de perfil mais conservador
e que estão expostos a teses que já contam com um bom histórico de performance.
Para finalizar
esse post vou comentar brevemente sobre as minhas metas de 2022 e sobre o post
de chutômetro que fiz neste ano.
#01 – Encerrar o
ano com patrimônio acima de R$ 295.000,00:
Alcançada! Apesar
de passar raspando nessa meta ela foi entregue com a força dos aportes de 2022.
#02 – Acumular R$
34.000,00 em aportes ao longo do ano.
Alcançada! Foram
aportados R$ 53.330,50 em 2022.
#03 – Acumular R$
4.500,00 em renda passiva dos investimentos.
Alcançada! Foram
creditados em conta R$ 5.259,40.
#04 – Alcançar uma
rentabilidade de 8,0% no ano.
Não cumprida. A
rentabilidade foi de +2,04% no ano.
#05 – Cuidar da
minha saúde física e mental.
Alcançada! Fiz minha
tradicional bateria de exames médicos e o resultado foi satisfatório. Na guerra
contra a balança consegui reduzir meu peso e terminei o ano com 69,7kg (IMC 22,5).
Dá para acreditar que já fui um gordo de 96kg?
#06 – Focar no
desenvolvimento de habilidades e me tornar um profissional mais atrativo.
Alcançada! Consegui
uma promoção agora no final do ano e que apesar dos desafios é um passo a mais
na minha carreira.
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Desejo para todos os leitores e amigos virtuais um excelente ano de 2023. Espero voltar aqui ao longo do ano com meus fechamentos mensais e ao final do próximo ano poder dizer que tive um 2023 de felicidade, saúde e sucesso financeiro para mim e meus familiares.
AVISO: Esse blog é apenas um relato de experiências e opiniões pessoais, trata-se da visão do autor e aplicada apenas a singular realidade social, psicológica e econômica em que ele está inserido. Tendo isso em mente o leitor deve desconsiderar qualquer postagem ou comentário desse blog para a tomada de decisão sobre investimentos. Se você leitor deseja orientação de investimentos, procure profissionais qualificados.