segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Reflexões sobre 2020

Olá, pessoal!

Estamos a poucos dias do final de 2020, foi um ano desafiador para todos nós, mas acredito que é nas dificuldades que podemos aprender grandes lições e por isso resolvi compartilhar com vocês algumas reflexões sobre esse ano.


- As pessoas no geral tem uma dificuldade extrema em se manterem "distantes socialmente": Pois é, acho isso uma das coisas mais interessantes do nosso ano, caramba, quando a pandemia começou o negócio era suspender bares, restaurantes e reuniões sociais, mas a galera parece não se aguentar, primeiro o drama por estar longe a pasmem 8 ou 10 dias de uma aglomeração, depois com a justificativa de "estamos cansados" voltando todo mundo a se aglomerar.

- A histeria coletiva da pandemia: o vírus de dezembro de 2020 é o mesmo de março de 2020, a forma como as pessoas interagem com o vírus é totalmente diferente, em março todo mundo tinha medo do coronavírus, até mesmo um pânico excessivo, conheço gente que precisou de amparo psicológico, mas de junho pra cá o pessoal deu uma virada e ninguém mais tem medo do vírus, galera tem agido como se fosse uma "gripezinha".

- As "LIVES" sempre foram uma ideia ruim: no começo da pandemia era bonitinho postar um stories no Instagram fazendo um churrasquinho e bebendo cerveja em casa com a TV ligada no fundo na live de algum artista qualquer, mas vamos ser sinceros aqui? Ninguém suporta LIVES, aquilo é tosco, é chato, é insuportável de se assistir por mais que alguns minutos. A modinha não durou nem 30 dias, hoje em dia ninguém mais liga para essa tosquice.

- Bolsonaro gosta de ser contra qualquer coisa, só pelo prazer de ser contra: O presidente mostrou nesse ano que o que ele gosta é de ser do contra, independente do quão absurdo seja algo e do quão grande seja o consenso a respeito de alguma coisa, ele é simplesmente contra, e  tem orgulho de ser contra. Aqui não vamos falar nem da pandemia, ele joga contra conceitos óbvios sobre preservação ambiental, raça e mais um monte de coisas.

- O governo não tem plano nenhum para o Brasil: Em 2020 o governo não fez nada de relevante para o país, o próprio auxílio emergencial foi construído em um improviso dramático no Congresso, depois de criar o gasto o governo se viu enrolado pois como é típico do Brasil é quase impossível eliminar um gasto. A agenda de reformas simplesmente já não existe nem em palavras, é tudo empurrado com a barriga, o próprio presidente não está interessado nisso. O Paulo Guedes só solta palavras aleatórias ao vento, prometendo um monte de coisa que não é capaz de fazer (tal como as privatizações que prometeu entregar em 90 dias) e sempre prometendo uma grande medida para a semana que vem. Não existe agenda nesse governo. 

- O SUS é um orgulho nacional: No geral os brasileiros adoram odiar o SUS, todo mundo reclama da qualidade do atendimento, e os liberais querem um estado mínimo (o que envolve obrigatoriamente o fim do SUS), na realidade nesse ano eu percebi a importância vital dele para o país. O nosso país é muito pobre e a maioria das pessoas não tem condições de pagar um plano de saúde privado e com o emprego nas empresas sendo destruído é cada vez mais limitado o acesso pelos planos empresariais. A saúde privada no Brasil é proibitiva para o brasileiro pobre, por isso eu defendo a manutenção do SUS.

- Desempenho mínimo no trabalho? O máximo é o mínimo. Na iniciativa privada brasileira para você se manter no "jogo" é preciso rodar o tempo inteiro a 100% da capacidade física e mental esperada (não necessariamente é a sua capacidade), qualquer coisa que não seja a plenitude absoluta vai te jogar pra fora rapidamente, acho que caminhamos para resultados desastrosos em longo prazo. Alguém se importa com isso? Infelizmente eu acho que não.

- A queda da bolsa que parecia ser educativa, foi justamente o contrário: Quando a bolsa mergulhou de 115 mil pontos para 105 mil pontos, a turma da "modinha dos investimentos" falava em oportunidade para compra, depois quando ela vou parar na faixa dos 60k-70k, começou um clima de fim de mundo e a galera parecia estar de volta a um pouco de racionalidade, porém a recuperação rápida da bolsa enquanto a economia real está aos frangalhos, fez com que a turminha da modinha se sinta ainda mais confiante, pois eles sobreviveram a três semanas de perdas, e depois a recuperação da bolsa faz eles imaginarem que aguentam perdas, pois é, ainda quero ver se a galerinha conseguiria aguentar um período de como foi 2010-2015, onde quando a bolsa ficou andando de lado por anos.

- Uma bolha de ativos tecnológicos é o legado da crise: Tudo bem, é inegável que empresas ancoradas em serviços digitais se deram muito bem em 2020, é óbvio que Amazon, Netflix, Magazine Luiza e sua turma mereciam uma alta das ações. A reflexão que deixo é: essas empresas justificam tamanha valorização? Seus múltiplos estratosféricos são sustentáveis? 

- O excesso de liquidez está mantendo infladas as expectativas sobre "castelos de areia": Tem muita empresa ruim no mercado, tem empresa sendo avaliada por bilhões de dólares e que não tem se mostrado capaz de entregar resultados práticos, empresas que prometem ser disruptivas mas só entregam prejuízos trimestre após trimestre. O sucesso da Amazon em sair de anos de prejuízo para uma potência global, fez com que alguns acreditem que qualquer amontoado de merda é capaz de fazer a mesma coisa, independente do quão frágil é sua estrutura ou tão inflados seus múltiplos. O mais interessante é ver analistas criando novos critérios que levam você de nada pra lugar nenhum, mas tem um conceito bonitinho e assim desviam os focos para os fundamentos que realmente importam.

- Em investimentos é preciso estar preparado para o improvável: Quem aqui na blogosfera imaginou em 1 de janeiro que a SELIC despencaria para 2% em 2020? Acho que ninguém. Você imaginava ver o barril de petróleo sendo negociado com preços negativos? Eu não. A verdade é que o cenário improvável se tornou real e será que não é hora de parar um pouco e olhar os riscos envolvidos na nossa carteira de investimentos? Aquele CDB do banco pequeno, está valendo o risco? Aquela reserva de emergência em Tesouro Direto tem liquidez suficiente para ser uma reserva de emergência igual os "influencers" tanto recomendam? Será que aquela ação para aposentadoria que você comprou vai continuar relevante daqui 30 anos? 

- Os influencers de investimento do Youtube e Instagram se multiplicaram: tem muita gente que não sabe de bosta nenhuma que vomita conteúdo e fatura muita grana na internet só falando merda e fazendo caras e bocas, um contingente ainda maior vai atrás desses caras pois acha que são isentos. Depois quem fica com o prejuízo é quem seguiu a "dica valiosa", pois infelizmente são poucos os que realmente tem compromisso com o público e conhecimento.

- A "caridade por Instagram" explodiu em 2020: O Instagram é uma terra de egos elevados, todo mundo é perfeito por ali. O que eu achei interessante é que explodiu a quantidade de anônimos e famosos que usaram as  redes sociais para mostrar para todo mundo o quanto são caridosos e preocupados com o próximo. Seja por publicações de artistas e atletas que fizeram doações para o combate a pandemia, ou aquele conhecido seu que foi doar uma cesta básica para uma família necessitada mas que obviamente precisou escandarar a situação humilhante dos receptores da doação para que ele pudesse posar de bom samaritano. 

        - Liberalismo? Opa, sim! Mas só para os outros.: É maravilhoso ver um monte de apoiadores do liberalismo, que prega o desmonte do estado, dos direitos, impostos mínimos e etc pedir e apoiar programas de incentivo a indústria, comércio e tudo mais para as empresas, pedir socorro governamental na pandemia, ora bolas, pensei que o "mercado" iria se regular na pandemia e resolveria todos os problemas como mágica. Francamente, é muito fácil falar do alto de seus apartamentos e mansões em bairros nobres de São Paulo e Brasília e ignorar a vida real do brasileiro que lida com um país sucateado. 

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Se tudo der certo vamos se encontrar novamente em 2021, desejo desde já um ótimo e socialmente distante final de ano para todos. 

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Esse blog não tem a intenção de recomendar investimentos para ninguém. Trata-se apenas um blog pessoal, o objetivo é relatar minha opinião pessoal sobre o tema de investimentos e outros assuntos.
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terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Fechamento Novembro/2020: R$ 182.981,43 (+1,68%)

 


Mais um mês encerrado, e desta vez reviso aqui no blog um conteúdo produzido por um site de primeira linha, o pessoal do VISUAL CAPITALIST, trouxe esse gráfico sobre o histórico global das taxas de juros, o trabalho nada mais envolveu do que converter em gráfico os dados fornecidos pelo Banco da Inglaterra, entretanto é bom ressaltar que não trata-se apenas dos juros na Terra da Rainha e sim de um cenário global, começando nos empréstimos de nobres no século XIV e chegando no mercado online de dívida de 2020.

O que ele mostra é que historicamente as taxas vivem momentos de altas e baixas, porém a linha de tendência aponta para baixo. O gráfico termina com dados de 2018 e com isso não retrata o impacto da pandemia. Acho que não tenho muito a comentar sobre o gráfico, ele fala por si mesmo.

Vamos ao fechamento mensal:


Que mês, senhores... que mês! A rentabilidade de +1,68% é o meu recorde absoluto de retorno mensal, ele supera o recorde anterior de +1,38% alcançado em Abril, porém não posso dizer que são diretamente comparáveis e isso só reforça a excepcionalidade de novembro. Em Abril, o desempenho foi bom, mas ele partiu de uma base fraca, agora o desempenho foi bom e partiu de uma base que mesmo não sendo incrível (+0,16% em outubro) é uma base positiva e relativamente próxima do CDI.

Na verdade essa alta da bolsa foi construída ao longo do mês, eu tentei não ficar empolgado com o possível recorde pois no mês passado cheguei a alcançar +1,29% antes de a carteira mergulhar e se contentar com um +0,16%. 

O aporte do mês foi referente a compra de SAPR4 (Sanepar), foi meu único ativo do mês e é fruto exclusivamente do recebimento de dividendos/juros sobre capital próprio durante o mês. Esse também foi o mês com o recorde de dividendos recebidos, um total de R$ 230,13.

Esse aporte pequenininho do mês não quer dizer que gastei todo meu salário, na verdade eu tive um mês normal de gastos e o que sobrou não foi mandado para os investimentos e sim para o meu Fundo de Gastos Pessoais, decidi que ele receberia todos os valores pois pretendo fazer um gasto estético no primeiro trimestre e já estou provisionando o valor.

ETF'S: O IVVB11 subiu em comparação com o último mês, mesmo com a queda da cotação do dólar, o contrapeso da economia americana que vive uma fase de melhores expectativas conseguiu deixar em um saldo positivo a balança do índice. É por isso que eu gosto desse ativo, ele me conforta com a exposição a moeda forte + exposição ao incrível S&P500. 

Ações: A recuperação do setor financeiro que tem um peso de 1/3 da carteira foi primordial para o resultado do mês. O destaque em especial fica por conta de Itaúsa que subiu, impulsionada pela perspectiva do Itaú entregar resultados melhores e eu particularmente achei incrível a ideia de a Itaúsa se tornar uma das 'donas' da XP. Eu gosto do ativo e particularmente estou animado com ele. 
Outra ação que merece destaque no mês é TAEE11, que pagou ótimos dividendos e além disso viu a ação sair do andar de lado na faixa dos R$ 28 para oscilar na faixa dos R$ 32. Eu confesso que quero conhecer melhor o setor, fico muito animado com o ramo de energia e ainda mais com o de transmissão, parece bom demais para ser verdade. 

FII's: Não aportei durante o mês em fundos imobiliários e não dei muita atenção para esse segmento da carteira. Na verdade eles ficaram meio "mornos", andaram de lado, a cotação subiu mais nada muito expressivo e os dividendos eu fiquei um pouco decepcionado com MXRF11 que reduziu em R$ 0,01 os dividendos, o que é expressivo pela cotação do fundo. A minha lógica com FII's é apostar na renda que eles podem me dar, não fico olhando FIIs pensando em ganhar com a valorização da cota.
Eu reconheço que não dou muita atenção aos fundos imobiliários na carteira, quero ver se consigo pegar para estudar a fundo os que já tenho.

Renda Fixa: Andando de lado, impressionante como o preço dos títulos públicos federais não acompanharam o otimismo do mercado e se mantém com um humor que não é dos melhores. Acabei não comprando nada, porém acompanhei o Tesouro Pré-Fixado 2026 e vi ele passando várias vezes acima de 7,5% a.a, é interessante? Se isso me fosse perguntado um ano atrás eu diria que sim, mas hoje eu não sei se faz tanto sentido pra minha carteira comprar um título nessa taxa em um cenário tão complicado das contas públicas.

Vida profissional: No último mês eu comentei que as demissões se intensificaram no mês de outubro, eu também disse que a rádio peão falava que vinha mais facão em novembro, o que aconteceu? Veio mais facão e mais gente foi demitida, foi mais do que em outubro? Não, mas ainda assim foi bem acima dos outros meses. A expectativa do pessoal é que em dezembro não aconteçam novos cortes, mas a galera acha que no primeiro trimestre eles voltam. É rádio peão? É, mas ela tem acertado.

No cotidiano do trabalho eu continuo em nova função desde julho, entretanto continuo oficialmente no mesmo cargo de antes, na prática é uma mudança lateral e não faria jus a qualquer mudança salarial, segue o jogo.

Vida Pessoal: No começo do mês senti os sintomas e fui diagnosticado com COVID-19. Foram alguns dias de sintomas (uns cinco dias) e não foi fácil, senti muita dor de cabeça, febre, dor no corpo (o sintoma mais persistente) e tosse seca. Eu fiquei bem mal, porém não precisei ficar internado e nem nada do tipo, os remédios faziam efeito por pouco tempo, e como eu estava isolado em casa eu aproveitava esse tempo para vir aqui na blogosfera. Depois eu me recuperei e agora estou me sentindo bem. Não é uma gripezinha!

Do resto minha vida pessoal não mereceu nenhum fato de destaque durante o mês.

Planejo fazer mais um post no meio do mês e depois apenas no começo de janeiro onde vou fazer o fechamento mensal + anual + detalhamento da minha carteira de 2020.

Fui incluído no ranking do Engenheiro Investidor, é um clássico da finansfera esse tipo de ranking, é tão nostálgico e me faz lembrar do Pobretão.
 
-IMPORTANTE: Esse é um blog de cunho pessoal, nada do que escrevo aqui deve ser levado como recomendação de investimento, estou apenas compartilhando minhas experiências e não recomendo a ninguém que tome decisões baseadas em algo que eu escrevo. Caso você deseja orientação sobre investimentos procure especialistas no assunto.