A Folha de S. Paulo divulgou nesta semana que existe um estudo dentro do Ministério da Economia para promover alterações no FGTS através de uma Medida Provisória, a medida repercutiu mal e rapidamente foi “recusada” pelo cidadão que ocupa o cargo de ministro. O foco do post não é mais uma trabalhada do governo e sim uma reflexão sobre a dificuldade da esquerda e da direita em encarar a realidade do Brasil moderno.
Essa proposta de fim do
FGTS (ou “aprimoramento”?) prega a redução de 40% para 20% da multa por rescisão
de contrato de trabalho e reduz a contribuição do empregador de 8% para 2% do
salário dos trabalhadores. É praticamente um consenso nacional que o FGTS como
é modulado hoje não é tão eficiente como poderia ser, entretanto os dois
grandes polos políticos o enxergam de formas que são pouco favoráveis aos trabalhadores.
Do lado bolsonarista o fim do FGTS é a alternativa proposta, enquanto os bolsominions Celetistas metidos
a investidor acreditam que o dinheiro do FGTS seria melhor administrado por eles
invés do fundo remunerado a 3% + parte dos lucros, isso como se os empresários fossem
repassar o valor do FGTS para os trabalhadores. Do lado do governo o foco é a ideia de que com o fim do FGTS os empresários promoveriam uma onda de contratações e que isso simplesmente não seria incorporado ao lucro das empresas.
Do lado da velha esquerda
brasileira, o FGTS é visto como fonte de recursos para o financiamento de
projetos habitacionais subsidiados e de obras públicas de prefeituras e estados
pelo país. O Fundo é visto com o objetivo de garantir recursos para o financiamento
do desenvolvimento do país, sem que necessariamente se olhe para a viabilidade
econômica e eficiência de aplicação dos recursos.
O debate entorno do FGTS
é apenas um símbolo da desesperança política brasileira. Os protagonistas políticos do país não propõem nenhuma alternativa moderna e adequada aos desafios do século XXI, estão presos em soluções e
debates do século passado.
O bolsonarismo liberal, não consegue enxergar a
economia 4.0, acredita que a ideia de baratear os custos trabalhistas é a única
forma de desenvolver o país, essa é uma tática que poderia dar certo se fosse
aplicada a 30 ou 40 anos atrás, em um período onde empresas de nações desenvolvidas
abandonavam seus países para instalar-se em países do mundo em desenvolvimento
em busca de mão-de-obra barata. Hoje empresas estão fazendo justamente o
caminho contrário e buscando manter suas plantas o mais perto possível do
mercado consumidor, evitar problemas logísticos e garantir a eficiência e
velocidade do processo de levar uma mercadoria da fábrica até o consumidor
final é o mote do momento, em uma economia cada vez mais automatizada o trabalhador
de um país pobre não consegue competir com a automação.
Na velha esquerda brasileira, o debate está parado
praticamente na mesma época. O foco ainda é pregar uma velha agenda de
nacional-desenvolvimento, apostar no estado como indutor de todo a economia,
ter ojeriza ao papel que empresas e o mercado podem desempenhar melhor do que o
governo e um foco demasiado em velhas questões acadêmicas-filosóficas e não nos
problemas reais das pessoas e mesmo quando focam nesses problemas, o debate é
elitizado e complexo demais e recheado de "mimimi" para que chegue as classes populares.
Como nenhuma vertente
política no país debate ideias de aprimorar o FGTS? Que tal transformar ele um
Fundo de Investimento, com papel social e mantendo a possibilidade de saque
para a compra da casa própria, em caso de demissão e com a destinação de parte das aplicações do fundo
para financiamento de programas de moradia para baixa renda, enquanto o
restante do fundo seria destinado a aplicações em títulos públicos referenciados ao
IPCA+? Quem sairia ganhando disso? O trabalhador brasileiro e a economia do
país, com mais recursos sendo disponibilizados para investimentos, o trabalhador
tendo um colchão melhor para enfrentar o desemprego e a manutenção do financiamento
subsidiado para famílias pobres.
Talvez alguma outra
ideia também pudesse ser aplicada! Mas para isso é preciso debater novas
alternativas para o país, e me desculpe amigo leitor, mas não percebo nenhum dos
lados interessado.
É mais fácil odiar o outro lado do que resolver os problemas do país.