Antes de qualquer coisa eu já quero deixar claro que sou totalmente
contrário a violação da soberania da Ucrânia pela Rússia, e minha torcida é
para que Kiev de alguma forma consiga sair dessa ameaça e mantenha sua
liberdade, a minha opinião pró-Ucrânia acredito ser a mesma da quase totalidade
do povo brasileiro, entretanto o presidente do Brasil acredita que fazer acenos
ao Putin e ir contra a opinião pública brasileira é vantajoso para ele em ano
eleitoral. Quem aconselha esse homem?
A Rússia viu suas reservas internacionais serem praticamente confiscadas,
o que é um problema sério para a avaliação sobre a capacidade de solvência do
país (apesar da boa situação das finanças e da dívida russa), tudo foi feito em
poucos dias e na base da canetada. Isso me fez pensar sobre o risco de confisco
nos investimentos pessoais e como podemos nos proteger deles?
Alguns vão dizer “é por isso que o Bitcoin é o futuro”, olha
sei que esse tópico de criptomoedas é polêmico e tem defensores apaixonados,
mas acho complexo imaginar que qualquer pessoa possa ter seu patrimônio em
ativos tão voláteis quanto o Bitcoin e seus similares, é só ver o que está
acontecendo em El Salvador. Outros vão dizer que “só a diversificação salva!”,
mas a Rússia tinha reservas bem diversificadas entre EUA, Europa, Reino Unido,
Japão e outros países.
Que tal imóveis físicos? Bem, acho que apesar de muito mais
raro o simples confisco, é muito difícil imaginar que ninguém possa inventar
uma canetada.
O que eu quero dizer com tudo isso é que tenho medo de que no futuro governos sem dinheiro para bancar a previdência e seus gastos, acabem sendo pressionados a confiscar dinheiro de quem poupou a vida inteira. O que impede isso? Absolutamente nada.
É um começo de ano pouco sem muito a comemorar, a rentabilidade
da carteira afundou ainda mais e em comparação ao já negativo mês passado (-1,10% em
fevereiro), é o segundo pior resultado dentro de um mesmo mês desde o pânico em
março de 2020.
A queda dos ativos no exterior são o maior problema, além dos
ativos em Nova York estarem se desvalorizando o dólar perdeu muito valor frente
ao real e mesmo com a recuperação no finalzinho do mês a queda acumulada nas primeiras semanas foi capaz de fazer
grandes estragos na minha rentabilidade.
Dividendos: Foram recebidos R$ 226,60 ao longo do mês. É bacana ver que
os R$ 200 parecem ser o novo piso dos dividendos. Destaque para os dividendos de
BB Seguridade.
Aportes:
Recebi a PLR + Bônus do segundo semestre no mesmo dia do salário no começo do
mês, porém a tensão russa estava no ar e decidi aguardar um pouco antes de
aportar, acabei tentando adivinhar o mercado, as coisas pioraram e eu pensei
que fosse o momento certo de entrar, acabei entrando em 15 de fevereiro com
aportes na Avenue (SCHD 50%, SCHP 30%, VNQ 20%), comemorei o bom dólar que
peguei (no dia com o spread fechei a R$ 5,30 o câmbio) parecia tudo bem até que alguns
dias depois o dólar mergulhou ainda mais... no final achei que tinha ganhado,
mas na verdade perdi.
Por sorte não tinha aportado tudo e deixei um pouco para o
final do mês, transferi o dinheiro para a corretora na quarta-feira (23) no
começo da noite já decidido a aportar no dia (24), o que acabou por coincidência acontecendo no
mesmo dia da invasão da Ucrânia.
Aqui está uma questão de disciplina, normalmente eu defino
onde vou aportar vários dias antes de lançar a ordem de compra, faço
isso na expectativa de evitar “paixões de momento”. Acabei seguindo fielmente a lista
de compras apesar dos bons descontos, cheguei a olhar os
preços de outros ativos antes de mandar a ordem de compra, vi Petrobras anunciar
ótimos dividendos e mesmo assim com -2% no pregão, poderia ter
comprado? Sim. Mas optei por seguir a lista.
Com a disciplina em foco acabei comprando: KNSC11, KNRI11, HGLG11
e Engie. Depois que encerrei as compras percebi que sobrou uma rapinha na corretora e comprei Sanepar.
O total de aportes foi de R$ 11.585,13 no mês, um
crescimento em comparação ao último ano. Entretanto se não fosse um intenso enxugamento
de gastos, acho que teria ficado mais ou menos no mesmo patamar do ano passado.
O bônus veio levemente menor.
Ações:
No geral a safra de balanços tenho avaliado de forma mista. Gostei do resultado
de Itaúsa e principalmente dos comentários pós-balanço reforçando a visão de
crescimento da companhia. Também achei positivos os resultados da Weg e da BB
Seguridade.
A Engie apesar do lucro quer despencado continua se
mostrando focada em uma estratégia segura de longo prazo.
Pelo lado negativo ficam os resultados de Bradesco (lucro
abaixo do esperado e não entendi o que a empresa planeja para o futuro, se quer
fazer novas aquisições e investimentos ou se pretende distribuir dividendos) e
de Rumo Logística (resultados fracos e li em alguns sites que a comercialização
de frete para a safra desse ano não foi feita em preços tão interessantes). Por
ora, acho que vou retirar do radar o aporte nessas duas companhias até entender
melhor o que planejam.
Fundos Imobiliários: A polêmica do MXRF11 foi embora. Decidi apostar na
qualidade das gestoras e menos nos dividendos que são capazes de entregar.
A gestão é remunerada com o capital que pertence aos sócios
dos fundos e é por isso que elas devem ter em mente que precisam fazer o melhor
trabalho possível em defesa dos interesses dos cotistas, infelizmente algumas
gestoras só tem pensado em formas de extrair mais dinheiro através de emissões
sem sentido, péssimas alocações e cobranças de taxas e mais taxas. Vou focar em
uma transição para ativos de valor.
Por ora estou satisfeito com a carteira de Fundos Imobiliários.
ETFs:
Com o dólar recuando e as bolsas pressionadas no exterior, a rentabilidade
mingou. A estratégia permanece a mesma e vou continuar aportando com foco no
longo prazo.
Renda Fixa: A SELIC subiu e minha rentabilidade melhorou. Por enquanto
não planejo novos aportes, é preciso ver como a questão ucraniana vai impactar
a inflação.
Vida profissional: No mês passado mencionei que a minha unidade passaria por
uma reestruturação, por enquanto nada aconteceu. Apesar disso algumas
movimentações que tenho visto na empesa parecem sinalizar que isso acontecerá. Eu
não acho que meus colegas de trabalho estejam cientes de algo, eu pretendo não
compartilhar.
Nesse meio tempo decidi me inscrever para uma vaga interna na
empresa em outro estado, ainda não recebi retorno ou algum tipo de contato, não
considero que eu tenha chances significativas de conseguir a vaga, mas acho que
não custa nada tentar.
Vida pessoal: Estou de folga no feriado de carnaval, mas vou passar em casa. Eu tinha planos de viajar para a praia nesse feriado, mas com as notícias da reestruturação na empresa resolvi dar uma apertada nos gastos.
Eu acho lamentável que
a festa foi privatizada nesse país. O pobre não pode se divertir pois tem que trabalhar no feriado, mas os ricos podem viajar à vontade e fazer festas em chácaras e clubes. O
pobre tem que ir trabalhar no comércio e indústrias de muitas cidades, pois os
patrões simplesmente decidiram ignorar a tradição da folga no Carnaval,
enquanto eles mesmos vão viajar e curtir. Enfim, o Brasil de 2022.
AVISO: Esse blog é apenas um relato de experiências e opiniões pessoais, trata-se da visão do autor e aplicada apenas a singular realidade social, psicológica e econômica em que ele está inserido. Tendo isso em mente o leitor deve desconsiderar qualquer postagem ou comentário desse blog para a tomada de decisão sobre investimentos. Se você leitor deseja orientação de investimentos, procure profissionais qualificados.