quinta-feira, 11 de junho de 2020

MINHA VIDA: Nunca foi sorte!

Que coisa mais triste é ver gente dizendo que alguém teve “sorte” quando esse alguém veio da classe baixa e sem nenhum tipo de privilégio ou prêmio da loteria, mas conseguiu melhorar de vida.

Eu nasci e cresci em família pobre, e vez ou outra alguém me diz que “Pi, mas você teve sorte”, pois eu digo que sorte foi uma das poucas coisas que tive na minha vida. O que eu sempre tive foi esforço, consciência e uma proteção de Deus essa última que não faço por merecer.

Enquanto eu crescia nunca tive condições de cursar escola particular ou de cursinhos de idioma ou pré-vestibular, sempre tive que me contentar com a velha escola pública brasileira e a internet para tentar aprender o máximo que eu conseguia. Vários colegas da minha idade vinham de famílias que conseguiam bancar estudos de primeira linha, mas confesso que não vi nenhum deles saber tirar proveito disso.

Quando passei no vestibular e fui cursar a faculdade a minha vida não era nada fácil, eu tinha exatos 30 minutos entre bater o ponto de saída no meu trabalho e o ônibus fazer a única saída do dia pra faculdade (não esqueçam que moro em cidadezinha de interior) em outra cidade. Quantas vezes não tive que me virar nos trinta debaixo de temporal pra não perder o ônibus, tinha que ir a pé até o ponto de ônibus e acabava me molhando. Vários alunos que iam também pra faculdade, conseguiam ir de carro pra faculdade ou pelo menos até o ponto de ônibus, nessas horas eu perguntava a Deus: o senhor é justo comigo? Ele me respondia, mas a resposta de Deus nem sempre conseguimos entender na hora.

Na faculdade eu sempre tentei tirar o máximo possível das aulas, tinha bons, ótimos e péssimos professores, mas independente do quão difícil fosse a matéria ou estressante fosse o meu dia, a faculdade sempre foi meu lugar preferido, lá conheci também meus melhores amigos.

Infelizmente quando arranjei um emprego eu aprendi logo cedo a ter que gastar pouco, na época ganhava um salário mínimo. Acabou que nunca consegui participar de festas universitárias e “saideiras” pra bares, eu nunca tinha dinheiro, na verdade às vezes sobrava um pouquinho, mas eu tinha tanto medo de perder o emprego e não ter como continuar estudando que comecei a guardar desde cedo esse dinheiro.

No trabalho acabei conseguindo uma promoção quase um ano depois de ser contratado, a promoção dava um up no meu salário, eu passava a ganhar cerca de 2 salários mínimos. Eu sempre me considerei um funcionário mediano, não achava que fazia nada de especial, mas meu chefe me disse tempos depois que eu nunca dei trabalho pra ele, sempre cheguei no horário, sempre me esforcei mesmo quando não sabia fazer as coisas e sempre que ele me passou uma tarefa eu corria atrás de fazer, os outros colegas do meu setor e de mesmo cargo eram mais largados, e esses mesmos colegas disseram que eu tinha sorte de ser promovido e que não merecia, pois era só um recém-chegado e eles estavam a mais tempo.

É a partir dessa promoção que começou a sobrar dinheiro, mas resolvi que o aumento precisava ser poupado, claro que consegui separar um pouquinho pra sair uma vez ou outra no mês pra tomar um refrigerante na faculdade e comer um salgado, mas a prioridade era guardar dinheiro.

E foi apenas seis meses depois dessa promoção que surgiu uma nova promoção, a partir daí eu fui promovido ao cargo dos sonhos no departamento, o salário dobrou mais uma vez, e havia alguns bônus e tudo mais. Continuei poupando dinheiro o máximo possível, com o passar dos meses eu ia guardando cada vez mais e construindo uma reserva. Os colegas de trabalho continuavam gastando todo o salário e na faculdade o que não faltava era gente gastando tudo em bebidas e festas universitárias. Como sempre tiver perfil anti-social e meu círculo de amizade também, nunca fui nessas festas.

Nessa época da faculdade conheci aquela que eu imaginei ser “o amor da minha vida”, infelizmente não era nada disso, confesso que me apaixonei e eu tinha poucas experiências amorosas na vida, levou alguns meses pra mim cair na real que ela só queria me sugar, ela não era quem parecia ser (ou quem eu queria que fosse?), e que não ia rolar nada além da friendzone, meus amigos me avisaram e resisti em acreditar, até que percebi a realidade de uma forma não agradável, decidi cortar completamente qualquer contato, confesso que demorei muito mais tempo pra esquecer, mas sabia que cedo ou tarde ela seria só passado e um tempo depois foi isso que aconteceu.

Mais ou menos na mesma época que eu me metia nessa “ilusão amorosa”  começou a martelar na minha cabeça que por mais que eu tivesse um cargo bacana na empresa, eu estava muito distante da minha área de graduação e eu queria voltar pra esse caminho, pois não queria ter um diploma debaixo do braço e não aplicar na prática. Nesse meio tempo resolvi mandar um currículo para outra empresa que descobri que abriria uma vaga. Uns dois meses depois surgiu uma ligação perguntando se eu gostaria de participar do processo seletivo? Topei. Fui aprovado.

O novo emprego veio e novamente acompanhado com as conversas de que eu tinha sorte por parte de quem mal me conhecia, inclusive alguns familiares começaram a ficar com “inveja” (???) e fazer comentários depreciativos sobre mim. No novo emprego consegui bons ganhos salariais e meses depois rolou uma promoção para o cargo que ocupo até hoje.

Acabei me formando na faculdade.

Depois da faculdade resolvi que precisava priorizar minha vida, com uma parte da grana que eu tinha guardado acabei comprando meu carro (um passivo vital no interiorzão) e agora tinha liberdade para ir e vir (e o fim dos banhos de chuva). Também percebi que tinha problemas com ansiedade e na época resolvi dar uma mudada de vida e comecei a perder peso, foram 20kg em pouco mais de um ano.

Comecei a controlar minha vida financeira em planilhas, e a melhorar meus aportes, passei a acompanhar de perto a rentabilidade dos meus investimentos e a melhorar meus aportes. Busquei melhorar meu desenvolvimento profissional com cursos e finalmente chegamos aos dias atuais...

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O que digo é que minha vida não foi fácil, sempre fui pobre, nasci em família humilde e meus pais nunca tiveram empregos de classe média ou as mesmas oportunidade de estudo que eu tive, nunca fui bom em esportes, nunca fui o popular da sala, nunca fui o que as meninas se ofereciam pra ficar,  sempre tive consciência de que a vida não é justa, que eu estava na corrida da vida como os outros, mas que a corrida não era igual para todo mundo, alguns largavam na frente e que cabia a mim me esforçar para alcançar os outros.

Nunca quis ser "o melhor", meu único objetivo é ter uma vida normal, ser um cara mediano, com tranquilidade financeira e boa saúde, não quero ser famoso, não quero ser um desses bilionário, só quero viver a vida com dignidade. 

Não tenho uma vida perfeita, tenho muitos problemas, mas confesso que sinto orgulho de quem sou e até onde já cheguei.

segunda-feira, 1 de junho de 2020

Fechamento Maio/2020: R$ 158.054,65 (+0,61%)



Durante a última semana de maio o governo divulgou os dados do emprego, o resultado é terrível, mas não condiz com a realidade. O Itaú publicou um relatório onde aponta que o desemprego poderia estar em 16% se não fosse a baixa procura por emprego, essa é motivada não pela situação financeira dos sem-trabalhos e sim pelo desalento e pela impossibilidade de procurar emprego causada pela quarentena.

A situação da economia é ruim, e conversando com as pessoas a maioria está desanimada, vejo alguns colegas desistirem de planos que estavam fazendo para os próximos meses e até para o próximo ano. Eu sou de uma geração azarada, tudo bem que ainda sou jovem, mas desde que alcancei a vida adulta nunca desfrutei de um dos períodos de "oásis" econômicos que o Brasil costumava ter historicamente, a maioria de vocês leitores já viveram pelo menos um, dois ou três desses períodos, eu ainda não vivi nenhum deles e é muito triste e frustrante ser jovem em uma época tão difícil, a verdade é que provavelmente a minha geração vai passar toda a juventude em uma época de dificuldades, estamos assistindo uma "geração perdida".

Vamos aos números.


O mês foi muito positivo, acabei conseguindo algumas receitas que não esperava o que ajudou em recuperar as perdas de Abril e garantir um aporte alto. A rentabilidade de 0,61% no mês foi muito interessante e surpreendente, no final acabei conseguindo retomar a carteira para o terreno positivo no ano.

AÇÕES: Não vendi nada. Comprei BBDC4, HYPE3 (novidade na carteira e primeira ação de saúde) e SAPR4. Eu continuo na filosofia de escolher empresas de setores estáveis e com boas perspectivas de longo prazo. No mês passado eu tinha mencionado que não investira em ações, mas acabei percebendo que cedo ou tarde boas empresas vão voltar a subir sua cotação e seus resultados e com isso é bom aproveitar os preços baixos, ainda mais eu que penso no longo prazo.

FII's: Melhoraram muito durante o mês, não investi em nenhum FIIs.

ETF's: O IVVB11 avançou nesse mês e continua sendo o líder da minha carteira de renda variável no quesito retorno obtido. Acabei não aportando nele pois achava o preço do dólar muito descolado da realidade quando fiz os aportes na bolsa, se tivesse pegado o dólar em R$ 5,30-5,40 eu teria mandado alguma grana pro IVVB11.

VIDA PROFISSIONAL: A situação no trabalho que era de incógnita em Abril começou a se deteriorar ao longo de Maio, vários colegas começaram a ser demitidos nos últimos dias e parece que ainda teremos mais demissões pela frente. Confesso que a situação não é nada confortável, estou com medo de perder o emprego.

VIDA PESSOAL: Não fiz nada de relevante, continuo em quarentena o máximo possível (ótimo para a saúde e o bolso). 
O que tenho evitado são redes sociais, em especial o Facebook aquele lugar virou uma arena de debate político e fake news de todos os lados. Tenho preferido me manter alheio a tudo isso.
A Pandemia tem mostrado episódios de egoísmo e intolerância, aqui no interior do Brasil o vírus chegou pra valer depois da segunda quinzena do mês e as pessoas estão sendo intolerantes com os contaminados, tenho assistido verdadeiros linchamentos virtuais da imagem e dignidade dos contaminados, é ódio puro. Confesso, às vezes tenho mais medo de ser contaminado e sofrer com o "linchamento moral" do que dos sintomas do vírus.

Bom junho.

IMPORTANTE: Esse é um blog de cunho pessoal, nada do que escrevo aqui deve ser levado como recomendação de investimento, estou apenas compartilhando minhas experiências e não recomendo a ninguém que tome decisões baseadas em algo que eu escrevo. Caso você deseja orientação sobre investimentos procure especialistas no assunto.