Já
são três meses de governo Lula III, e por ora posso dizer que tenho um
sentimento ambíguo sobre o tempo que passou. Se olharmos do ponto de vista de
ruídos políticos e frases danosas parece que já faz muito tempo que esse
governo começou, pois é quase todo dia que precisamos assistir ao próprio
presidente ou algum ministro excêntrico abrindo a boca para espalhar o caos,
isso gera um certo cansaço. Do outro lado já fazem dois meses que o Congresso
Nacional voltou aos trabalhos e até
agora parece que nenhuma medida governamental foi aprovada ou está pelo menos
em tramitação em alguma comissão, por esse lado parece que o governo começou
quase ontem diante de tão pouca mobilidade.
O
que eu sempre temo no governo do PT não é necessariamente ele ser de esquerda,
e sim a como o partido praticamente está congelado com ideias que estavam na
moda nos anos 80 e 90 e tem uma estrutura interna de poder e oxigenação
praticamente paralisada, sem espaço para o novo e preso em uma grande
burocracia de egos e tradições. O PT é velho.
O
Lula está fazendo uma aposta alta com esse discurso combativo e essa filosofia
de estimular a economia usando o estado e bancos estatais, não é que isso não
possa funcionar, a questão é que o preço a se pagar caso dê errado é muito alto
tanto para o país quanto para a biografia dele.
Você
caro leitor pode considerar que Lula não tem uma grande biografia para defender,
de fato a maioria de meus leitores são anti-lulistas, mas é inegável que ele poderia
construir uma narrativa para sua biografia se apresentando como: o homem pobre que
saiu da miséria no nordeste para se tornar um líder sindical nacional, realizar
dois mandatos exitosos (você pode dizer que não foi bom, mas de fato foram acima
da média do país), ser jogado na lama e na prisão e depois voltar para a presidência
entregando um terceiro mandato com responsabilidade fiscal e social, reformas
estruturais, defesa da democracia e relançamento
do país no cenário global.
Mas
o que Lula escolhe? A defesa da democracia é bem tênue, parece que quando se
trata de Bolsonaro o Lula se torna um arauto democrático pregando a defesa da constituição
acima de tudo, entretanto percebe-se que com seus amigos na Venezuela e em
países como Nicaragua que fazem muito pior do que Bolsonaro tentou no Brasil
ele parece fechar os olhos ou até mesmo dar apoio. No campo econômico a defesa
desse estado gastador e intervencionista pode custar mais caro para um
presidente que precisa manter a economia aquecida, um confronto com o BC só gera
incertezas e impacto nos juros, já está deixando de ser apenas uma questão de “deixar
o empresário confiante para investir” para um debate amplo se às condições atuais
de juros e crédito tornam algum investimento viável no país. Hoje com juros
futuros precificando que a taxa permaneça em 13% ao longo de todo o mandato do
petista é inviável um empresário levantar capital para o seu negócio nos bancos
que com spread certamente estarão operando acima de 20%-25% a.a. Como a
economia ficará em pé? E como Lula e o PT vencerão a próxima eleição com esse
cenário?
Não
estou defendendo a queda da SELIC, pelo contrário a tensão política e a falta
de passos claros em direção a redução do déficit e reforma do estado tornam
qualquer redução dos juros perigosas. O Lula cobra boa vontade do BC com o governo,
mas é preciso primeiro entregar resultados. Não dá para os financiadores da
dívida aceitarem uma taxa mais baixa, só por que o devedor disse que no futuro
ele terá um perfil de crédito melhor, é preciso mostrar resultados.
Lula,
seja pragmático! Isso só fará bem para você e seu governo.
Diante
de todo o stress político do mês de março uma queda de -0,18% me parece
satisfatória. Apesar de toda a tensão política no ar, o ano começa com um
desempenho melhor do que 2022.
A
maior parte disso se deve a dois fatores: um CDI elevado ajuda a parte de
pós-fixado que representa mais de 40% do total da carteira e a diversificação
no exterior, que ajuda a evitar a exposição ao mercado brasileiro e seus ruídos,
ao mesmo tempo em que nos picos de tensão interna o dólar sobe e a carteira internacional
compensa a queda da carteira doméstica de renda variável.
Em
março foram recebidos R$ 994,91 em proventos na somatória entre Brasil e exterior,
esse resultado representa um crescimento de +105,3% frente ao mesmo mês do ano
anterior. No acumulado desde o começo desse ano já temos R$ 1.663,38 creditados,
frente ao mesmo período do ano anterior é um crescimento de +79,9%.
Admito
que lá atrás por um certo período de tempo considerei o DY um fato importante
na alocação de ativos, apesar de não ser determinante era inegável que eu
sempre estava enviesado por ele. Entretanto considero que a partir do ano
passado fui mudando minha forma de alocação e focando mais em ações que tem
potencial de crescimento no longo prazo, mas que atuam em setores estáveis da
economia, com boas margens e boa administração. O fator dividendo se tornou pouco
relevante na alocação e agora já posso dizer que os dividendos são apenas um
reflexo do crescimento da carteira, eles já não importam mais para mim. Estou
monitorando sua evolução, mas se em algum mês o resultado vier abaixo do ano
anterior não tem o menor problema, estou bem resolvido com essa questão.
Aportes: Estava com US$ 32 parados
na Avenue e decidi aportar tudo em SCHD agora no finalzinho do mês. No mercado doméstico
o Tesouro SELIC 2023 venceu em 01 de março e reapliquei no Tesouro SELIC 2023.
O restante foi alocado em ações.
Estou
fazendo um balanceamento da carteira, de forma a evitar uma grande concentração
em alguns ativos. A verdade é que em meados do ano passado eu tinha Itaúsa, Bradesco
e Taesa representando mais de 1/3 da minha carteira, o foco é não ter nenhum
papel com participação acima de 10% do portfólio de ações e se possível buscar todos
os ativos oscilando entre 7%-8%. Diante disso estou comprando sempre os papéis
com menor percentual na carteira (exceto Rumo S.A que deixei em stand by por
conta de precisar estudar mais a fundo o papel e entender sua dinâmica futura de
caixa e lucro).
Em
março foi a vez de Sanepar e AES Brasil. Que foram adquiridas nessa última
quinta-feira (30), ou seja, não peguei o que seria a melhor janela do Ibovespa
abaixo de 100.000 pontos e sim após o anúncio do arcabouço fiscal. Entretanto decidi
que meus aportes vão ser padronizados no final do mês, e tentar acertar o
melhor momento do mercado só vai me trazer prejuízos.
Ações: A temporada de balanços
terminou. Posso dizer que em Março o grande destaque foi Itaúsa, a empresa mostrou
que vai entrar em uma fase focada em reduzir endividamento e pagar dividendos, ou
seja, é ora de deixar amadurecer os investimentos e colher os frutos das
alocações. Eu vi no Twitter e é uma pena que não salvei para trazer aqui para vocês
que a Itaúsa investiu na NTS cerca de R$ 700 milhões a alguns anos atrás e hoje
sua participação nos lucros é de R$ 200 milhões por ano, é um baita investimento.
O pessoal tem criticado Itaúsa por considerar que alocaram mal em DEXCO e ALPARGATAS,
tenho uma visão divergente e acho que dentro da estrutura de investimentos
essas duas empresas representam muito pouco.
Estou
também moderadamente satisfeito com o desempenho de Cyrela, meu papel no setor “pimentinha”
de incorporações, a empresa tem mantido uma estrutura de dívida e estoque saudáveis
e é um dos melhores cases do setor. O que gosto em Cyrela é que ela tem foco em
alta renda, que é a parcela da sociedade com melhor poder de compra e melhor
qualificada, o que significa que é menos afetada pela inflação e pelo
desemprego.
Fundos
Imobiliários:
Isso aqui foi literalmente abandonado na carteira. Não vou aportar mais e nem
vou vender.
Exterior: O mercado americano está
na dúvida se o FED continua apostando em mais juros ou para de subir por conta
do risco de quebradeira nos bancos. De qualquer forma a economia parece seguir
acelerada. Os investimentos no exterior tem se comportado bem, só reconheço meu
erro em ter três ativos que são correlacionados.
Renda
Fixa:
CDI nas alturas e COPOM anunciando que vai manter os juros altos são músicas
para minha carteira de renda fixa. Os títulos estão com taxas muito atrativas,
não estou comprando no momento por falta de capital disponível.
Vida
profissional:
É um mês extremamente estressante no trabalho, continuo detestando toda a lida
com o time comercial. E a gestão da empresa continua mostrando que quer o pessoal
do técnico-operacional cada vez mais envolvido com a parte comercial. Já pensei
em mudar de carreira e buscar alguma coisa em TI, mas tenho zero conhecimento
nessa área, a verdade é que sou totalmente leigo no que tange a ir além do “pacote
Office”. Por ora vamos seguindo.
Vida
pessoal:
Nada de relevante acontecendo.
AVISO: Esse blog é apenas um relato de experiências e opiniões pessoais, trata-se da visão do autor e aplicada apenas a singular realidade social, psicológica e econômica em que ele está inserido. Tendo isso em mente o leitor deve desconsiderar qualquer postagem ou comentário desse blog para a tomada de decisão sobre investimentos. Se você leitor deseja orientação de investimentos, procure profissionais qualificados.