quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Quando a maré da liquidez baixar...

Ah liquidez
Liquidez, liquidez... como é boa a liquidez!

Algumas informações de bastidores dão conta de que está chegando por ai o IPO mais aguardado dos últimos tempos, veja as principais características dessa empresa e prepare o Home Broker para entrar nessa oportunidade única.

  • Ela tem um nome bonitinho, em inglês ou alguma sigla.
  • Seu CEO é um sujeito que adora fazer mídia, sempre disponível para entrevistas com jornalistas e muito ativo no mercado na hora de divulgar os novos projetos revolucionários da empresa.
  • O ramo de negócio é disruptivo, vai mudar completamente o mercado atual dominado por empresas velhas e antiquadas. Quem quer ganhar dinheiro com arroz e feijão? Vamos fazer uma disrupção!
  • Pregar o potencial impacto da transformação social da empresa, ela não quer lucrar, ela quer uma sociedade melhor.
  • A base de fãs de é tão grande e apaixonada quanto a de um tipo de futebol ou do seu político favorito.
  • Não consegue entregar lucro, na verdade ela entrega rombos incríveis no balanço todos os anos, mas o mercado não liga, todo mundo sabe que ela é uma empresa de crescimento e que prejuízos de centenas de milhões são totalmente aceitáveis, afinal de contas a Amazon registrou prejuízos por anos, e como todos sabemos ela não é a exceção e sim a regra entre as empresas.
  • Os últimos detalhes estão sendo acertados e basicamente o que falta é definir onde vai acontecer o IPO, se vai rolar nos trópicos, na imponente Nova York, em alguma bolsa emergente da Ásia ou aproveitar o inverno europeu para estrear em grande estilo.
-
Todos nós já vimos essa história ser contada, quem não se lembra daquela petrolífera que prometia ser uma nova potência nacional com a exploração do pré-sal e que decolou na bolsa de valores sem apresentar resultado nenhum, apenas com a promessa, aí furaram o poço e TCHARAM! fracasso total. 

E aquela empresa que prometia revolucionar o comércio varejista eletrônico lá pelos meados dessa última década? Era uma verdadeira máquina de vendas, era case de estudo em qualquer curso de administração nesse país, crescimentos estratosféricos e uma base de fãs crescentes, veio o IPO a projeção de crescimento dos lucros e resultados foi feita, o mercado comprou, a ação decolou e aí se deu conta de que a empresa não entregava resultados, terminou sendo vendida por menos do que a sombra dos seus dias mais gloriosos, e hoje é um "puxadinho" de uma grande varejista.

E que tal aquela empresa disruptiva que vai revolucionar o centenário mercado de montadores de automóveis? Aquela empresa que decolou igual um foguete em 2019-20 depois de entregar um "lucro" pela primeira vez em anos, mas que na prática não consegue lucrar com sua atividade principal e o tal lucro nada mais é do que operações com créditos regulatórios, enquanto isso o que deveria ser o seu principal ramo de negócios assiste a uma piora de resultados.

E isso para nem entrar no mérito das fintechs que são a modinha do momento, igual foram franquias de paletas mexicanas alguns anos atrás.

E vamos parar por aqui, pois imagina só se resolvemos dar uma olhada naquele emaranhado de empresas que recebem injeções de liquidez de fundos multibilionários que só colaboram para inflar o mercado.

O que me assusta é que alguns analistas parecem estar deixando de lado os critérios de análise objetivos sobre as empresas (pois eles escacaram a realidade) e focando em "novas métricas" que podem até ser bonitinhas no conceito, mas que na prática não garantem nem de longe uma noção sobre a sustentabilidade do negócio.

Não existe nada de errado na presença dessas empresas no mercado, seja na bolsa ou na carteira de investimentos de fundos, o problema é que os investidores precisam passar a reconhecer o que é realisticamente possível para uma empresa entregar e não aquilo que é utópico. A entrada de centenas de milhares de novos investidores no mercado em 2020 me faz questionar quantos deles estão preparados para analisar de verdade os negócios onde colocam suas economias?

Cedo ou tarde os juros na economia mundial vão precisar subir, a torneira da liquidez vai fechar e aí quando a água baixar vamos descobrir quem estava nadando pelado.

-
IMPORTANTE: Esse é um blog de cunho pessoal, nada do que escrevo aqui deve ser levado como recomendação de investimento, estou apenas compartilhando minhas experiências e opiniões, não recomendo a ninguém que tome decisões baseadas em algo que eu escrevo. Caso você deseja orientação sobre investimentos procure especialistas no assunto.

terça-feira, 1 de setembro de 2020

Fechamento Agosto/2020: R$ 169.780,63 (+0,29%)

 


É o final de mais um mês, e esse agosto que normalmente é travesso e parece levar uma década para passar esse ano passou em um piscar de olhos.

A reportagem que destaco esse mês é do Brazil Journal, esse site tem produzido conteúdo de excelente qualidade é uma pena que muitos não conheçam, eu diria que no ambiente de economia e negócios é um rival para a Exame. Nesse mês destacaram um estudo do FED que aponta o crescimento dos monopólios na economia americana, e essa pandemia só tem potencializado tudo.

De forma geral a economia está cada vez mais concentrada em algumas empresas e essas  estão apresentando lucros cada vez maiores, por outro lado, a classe média trabalhadora tem enfrentado perda salarias nas últimas décadas, isso tem empurrado a economia mundial para um estado de dependência do crédito para sustentar o crescimento do consumo da classe média, o fruto desse crédito que é o dinheiro novo acaba indo parar nessas mesmas empresas, e as grandes companhias não são tão eficientes na distribuição de renda. 

Você acha que aquele grande rede de supermercados ou eletrodomésticos na sua cidade distribui renda aí na sua localidade com a mesma eficiência do que se fosse uma rede local? Você pode até dizer que os salários são melhores e que pequenos comerciantes muitas vezes não conseguiram dar conta da folha de pagamento, mas não se esqueça que uma empresa não traz o dinheiro de volta para a sociedade apenas com a folha, a ampla concorrência garante a diversificação do crédito, amplo espaço para novos fornecedores e mais oportunidades para clientes.

A pandemia só tem contribuído para o problema, as grandes companhias tem acesso facilitado para captar dinheiro no mercado de capitais, possibilidade de ofertar condições de pagamento diferenciadas, normalmente possuem gestão com maiores recursos no compilamento de dados, tem maior capacidade competitiva no ambiente digital e isso para ficar em alguns exemplos. Nos EUA e na Ásia, o fenômeno da quebradeira de pequenas empresas é uma realidade pós-pandemia, ao mesmo tempo o S&P500 está nas alturas e isso se justifica pelo ganho de participação de mercado das grandes companhias.

Quebrar esse ciclo é complicado, e processo deve passar por garantir regras justas a empresas e não por um sistema de premiação pela incompetência apenas para forçar uma concorrência inútil (o governo gosta de chamar de subsídios), mas é bom saber que o tema está em debate.

Agora vamos ao fechamento mensal:

Como adiantei no mês passado eu acabei não aportando em julho e deixando para agosto, principalmente por ter tido despesas altas em julho acabou sobrando muito pouco e então não me senti com vontade de comprar nada antes da virada do mês.

Nesse mês a rentabilidade 0,29% foi satisfatória, são cinco meses de rentabilidade positiva. 

A carteira continua com aproximadamente 1/5 em renda variável e 3/4 em renda fixa (Tesouro Pré e Pós-Fixado e LCI pós-fixada).

ETF'S: O IVVB11 continua apresentando bons resultados. Com o cenário político-econômico se deteriorando aqui nos trópicos é esperado um alta do dólar o que por si deve empurrar o fundo pra cima, além disso, caso venha uma segunda onda de vírus no outono/inverno do hemisfério norte eu acredito que isso vai tencionar os mercados e quando o mercado fica tenso a primeira coisa que ele procura é dólar e cotação alta do dólar é IVVB11 subindo, mesmo que o S&P500 esteja pressionado por uma eventual tensão dos mercados, acredito que a eventual alta do dólar deve mitigar os impactos. 

Aportei em IVVB11 esse mês, foi o líder de aportes.

Ações: Aportei em SAPR4 apenas hoje, ou seja, depois da ação cair de preço com o bloqueio do reajuste das tarifas pelo Paraná. Na carteira de ações destaco:
  • Setor financeiro: ITSA4 e BBDC4 continuam patinando na carteira. Os bancos são o segmento mais tensionado da bolsa, por um lado é o mais sólido por outra a tal disrupção e ameaças regulatórias tem sido uma pressão muito forte para segurar em baixa os preços, ao mesmo tempo não me sinto animado para investir em empresas disruptivas que estão com indicadores inflados.
  • VVAR3: Continua subindo, mas não consigo aportar nela, sei lá, ela cheira problemas, pode ser uma nova Magazine Luiza? Pode. Mas ainda não me sinto confortável em aportar nada.
  • TAEE11: Apenas observei a resiliência dessa companhia, o preço da ação está estacionado na faixa dos R$ 28 faz mais de três meses, acabei não aportando nela pois não queria me expor nesse mês ao setor elétrico, mas é uma ação previsível e que os dividendos me atraem.
FII'S: Fiz subscrição de MXRF11, achei o preço atrativo e o DY na faixa de 0,6%-0,7% a.m é bem atrativo.
Aqui um ponto importante, no meu aporte do mês não está considerada a subscrição, tendo em vista que as cotas ainda não foram integralizadas, acredito que ficará para setembro ou outubro.

Os outros FIIs apenas acompanhei.

Renda Fixa: Tudo na mesma.

Vida Profissional: As mudanças na empresa foram grandes durante o mês, no final das contas a equipe foi reduzida. Ninguém foi demitido, apenas remanejados para outras unidades. Estou fazendo atividades diferentes da que estou acostumado habitualmente, tem sido desafiador.
De qualquer forma estou oficialmente entrando nas minhas férias que estavam programadas desde janeiro, volto só no finalzinho e espero não ter grandes novidades hahaha.

Vida Pessoal: Nada a declarar. Inclusive sem planos para as férias.

IMPORTANTE: Esse é um blog de cunho pessoal, nada do que escrevo aqui deve ser levado como recomendação de investimento, estou apenas compartilhando minhas experiências e não recomendo a ninguém que tome decisões baseadas em algo que eu escrevo. Caso você deseja orientação sobre investimentos procure especialistas no assunto.