Olá, pessoal!
Estamos a poucos dias do final de 2020, foi um ano desafiador para todos nós, mas acredito que é nas dificuldades que podemos aprender grandes lições e por isso resolvi compartilhar com vocês algumas reflexões sobre esse ano.
- As pessoas no geral tem uma dificuldade extrema em se manterem "distantes socialmente": Pois é, acho isso uma das coisas mais interessantes do nosso ano, caramba, quando a pandemia começou o negócio era suspender bares, restaurantes e reuniões sociais, mas a galera parece não se aguentar, primeiro o drama por estar longe a pasmem 8 ou 10 dias de uma aglomeração, depois com a justificativa de "estamos cansados" voltando todo mundo a se aglomerar.
- A histeria coletiva da pandemia: o vírus de dezembro de 2020 é o mesmo de março de 2020, a forma como as pessoas interagem com o vírus é totalmente diferente, em março todo mundo tinha medo do coronavírus, até mesmo um pânico excessivo, conheço gente que precisou de amparo psicológico, mas de junho pra cá o pessoal deu uma virada e ninguém mais tem medo do vírus, galera tem agido como se fosse uma "gripezinha".
- As "LIVES" sempre foram uma ideia ruim: no começo da pandemia era bonitinho postar um stories no Instagram fazendo um churrasquinho e bebendo cerveja em casa com a TV ligada no fundo na live de algum artista qualquer, mas vamos ser sinceros aqui? Ninguém suporta LIVES, aquilo é tosco, é chato, é insuportável de se assistir por mais que alguns minutos. A modinha não durou nem 30 dias, hoje em dia ninguém mais liga para essa tosquice.
- Bolsonaro gosta de ser contra qualquer coisa, só pelo prazer de ser contra: O presidente mostrou nesse ano que o que ele gosta é de ser do contra, independente do quão absurdo seja algo e do quão grande seja o consenso a respeito de alguma coisa, ele é simplesmente contra, e tem orgulho de ser contra. Aqui não vamos falar nem da pandemia, ele joga contra conceitos óbvios sobre preservação ambiental, raça e mais um monte de coisas.
- O governo não tem plano nenhum para o Brasil: Em 2020 o governo não fez nada de relevante para o país, o próprio auxílio emergencial foi construído em um improviso dramático no Congresso, depois de criar o gasto o governo se viu enrolado pois como é típico do Brasil é quase impossível eliminar um gasto. A agenda de reformas simplesmente já não existe nem em palavras, é tudo empurrado com a barriga, o próprio presidente não está interessado nisso. O Paulo Guedes só solta palavras aleatórias ao vento, prometendo um monte de coisa que não é capaz de fazer (tal como as privatizações que prometeu entregar em 90 dias) e sempre prometendo uma grande medida para a semana que vem. Não existe agenda nesse governo.
- O SUS é um orgulho nacional: No geral os brasileiros adoram odiar o SUS, todo mundo reclama da qualidade do atendimento, e os liberais querem um estado mínimo (o que envolve obrigatoriamente o fim do SUS), na realidade nesse ano eu percebi a importância vital dele para o país. O nosso país é muito pobre e a maioria das pessoas não tem condições de pagar um plano de saúde privado e com o emprego nas empresas sendo destruído é cada vez mais limitado o acesso pelos planos empresariais. A saúde privada no Brasil é proibitiva para o brasileiro pobre, por isso eu defendo a manutenção do SUS.
- Desempenho mínimo no trabalho? O máximo é o mínimo. Na iniciativa privada brasileira para você se manter no "jogo" é preciso rodar o tempo inteiro a 100% da capacidade física e mental esperada (não necessariamente é a sua capacidade), qualquer coisa que não seja a plenitude absoluta vai te jogar pra fora rapidamente, acho que caminhamos para resultados desastrosos em longo prazo. Alguém se importa com isso? Infelizmente eu acho que não.
- A queda da bolsa que parecia ser educativa, foi justamente o contrário: Quando a bolsa mergulhou de 115 mil pontos para 105 mil pontos, a turma da "modinha dos investimentos" falava em oportunidade para compra, depois quando ela vou parar na faixa dos 60k-70k, começou um clima de fim de mundo e a galera parecia estar de volta a um pouco de racionalidade, porém a recuperação rápida da bolsa enquanto a economia real está aos frangalhos, fez com que a turminha da modinha se sinta ainda mais confiante, pois eles sobreviveram a três semanas de perdas, e depois a recuperação da bolsa faz eles imaginarem que aguentam perdas, pois é, ainda quero ver se a galerinha conseguiria aguentar um período de como foi 2010-2015, onde quando a bolsa ficou andando de lado por anos.
- Uma bolha de ativos tecnológicos é o legado da crise: Tudo bem, é inegável que empresas ancoradas em serviços digitais se deram muito bem em 2020, é óbvio que Amazon, Netflix, Magazine Luiza e sua turma mereciam uma alta das ações. A reflexão que deixo é: essas empresas justificam tamanha valorização? Seus múltiplos estratosféricos são sustentáveis?
- O excesso de liquidez está mantendo infladas as expectativas sobre "castelos de areia": Tem muita empresa ruim no mercado, tem empresa sendo avaliada por bilhões de dólares e que não tem se mostrado capaz de entregar resultados práticos, empresas que prometem ser disruptivas mas só entregam prejuízos trimestre após trimestre. O sucesso da Amazon em sair de anos de prejuízo para uma potência global, fez com que alguns acreditem que qualquer amontoado de merda é capaz de fazer a mesma coisa, independente do quão frágil é sua estrutura ou tão inflados seus múltiplos. O mais interessante é ver analistas criando novos critérios que levam você de nada pra lugar nenhum, mas tem um conceito bonitinho e assim desviam os focos para os fundamentos que realmente importam.
- Em investimentos é preciso estar preparado para o improvável: Quem aqui na blogosfera imaginou em 1 de janeiro que a SELIC despencaria para 2% em 2020? Acho que ninguém. Você imaginava ver o barril de petróleo sendo negociado com preços negativos? Eu não. A verdade é que o cenário improvável se tornou real e será que não é hora de parar um pouco e olhar os riscos envolvidos na nossa carteira de investimentos? Aquele CDB do banco pequeno, está valendo o risco? Aquela reserva de emergência em Tesouro Direto tem liquidez suficiente para ser uma reserva de emergência igual os "influencers" tanto recomendam? Será que aquela ação para aposentadoria que você comprou vai continuar relevante daqui 30 anos?
- Os influencers de investimento do Youtube e Instagram se multiplicaram: tem muita gente que não sabe de bosta nenhuma que vomita conteúdo e fatura muita grana na internet só falando merda e fazendo caras e bocas, um contingente ainda maior vai atrás desses caras pois acha que são isentos. Depois quem fica com o prejuízo é quem seguiu a "dica valiosa", pois infelizmente são poucos os que realmente tem compromisso com o público e conhecimento.
- A "caridade por Instagram" explodiu em 2020: O Instagram é uma terra de egos elevados, todo mundo é perfeito por ali. O que eu achei interessante é que explodiu a quantidade de anônimos e famosos que usaram as redes sociais para mostrar para todo mundo o quanto são caridosos e preocupados com o próximo. Seja por publicações de artistas e atletas que fizeram doações para o combate a pandemia, ou aquele conhecido seu que foi doar uma cesta básica para uma família necessitada mas que obviamente precisou escandarar a situação humilhante dos receptores da doação para que ele pudesse posar de bom samaritano.
- Liberalismo? Opa, sim! Mas só para os outros.: É maravilhoso ver um monte de apoiadores do liberalismo, que prega o desmonte do estado, dos direitos, impostos mínimos e etc pedir e apoiar programas de incentivo a indústria, comércio e tudo mais para as empresas, pedir socorro governamental na pandemia, ora bolas, pensei que o "mercado" iria se regular na pandemia e resolveria todos os problemas como mágica. Francamente, é muito fácil falar do alto de seus apartamentos e mansões em bairros nobres de São Paulo e Brasília e ignorar a vida real do brasileiro que lida com um país sucateado.
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Se tudo der certo vamos se encontrar novamente em 2021, desejo desde já um ótimo e socialmente distante final de ano para todos.