Já
faz mais de 10 dias desde o tão falado ‘Dia D’ do bolsonarismo, depois de um
mês inteiro de apreensão no país os bolsonaristas finalmente iriam mostrar ao
que vieram e segundo alguns, tentariam um golpe de estado contra a nossa
democracia.
Eu particularmente nunca acreditei na
possibilidade de um golpe, não é atoa que simplesmente ignorei o tópico no
fechamento mensal de agosto. Aliás, qualquer pessoa investidora que realmente
acredita na possibilidade de um golpe, tem que refletir com o mínimo de sensatez
quais seriam os efeitos de tal ato contra seus investimentos. No meu caso em particular,
se eu acreditasse na possiblidade de um golpe agora ou em algum momento no
futuro, já teria liquidado meus investimentos e enviado tudo para o exterior. Eu
não o faço, pois não acredito.
Aquele movimento de 7 de setembro, não
era exatamente composto por pessoas que tem coragem de fazer alguma coisa para mudar
o status quo (ainda que para pior), a agenda visivelmente era para defender sua
posição e status social que sentem que é ameaçado pela possibilidade de um
governo de esquerda, claro, tudo devidamente acompanhado (ou disfarçado?) de mantras
como “família”, “pátria”, “liberdade” (???), “contra a sexualização nas escolas”
e “contra a corrupção”.
Evidentemente o que se seguiu foi um
discurso bizarro do presidente, mas ainda assim broxante para os mais exaltados
bolsonaristas que esperavam que ele declarasse pelo menos um Estado de Sítio (ignorando
o fato que o presidente não é capaz de tomar essa decisão), mas foi por aí que
acabou o dia. Para a frustração geral da extrema-direita que não viu o que
queria naquele feriado.
A coroação de tudo isso veio nos dias
seguintes quando o presidente de forma humilhante recuou de tudo aquilo que
falou e fez, em um dos momentos mais vexaminosos da política brasileira. Deixou
a própria base perplexa e confusa, mas porque ficaram surpresos? O Bolsonaro
sempre mostrou que está preocupado exclusivamente em salvar a própria pele e da
sua família, no clássico ditado popular de “vai-se os anéis e ficam os dedos”.
O que sobra de legado do 7 de setembro é
que o governo já acabou, basicamente é um Titanic pós-iceberg, o Centrão já
está com os coloques salva-vidas na espera do momento certo para pular na água
e embarcar no primeiro navio que aparecer em forma de RMS Carpathia,
seja ele comandado por Lula ou alguém da sonhada terceira via.
A economia está em frangalhos, temos um problema
inflacionário, causado por dois fatores: os combustíveis, que segundo o governo
o lucro bilionário e recorde da Petrobras não tem nada haver com a história e
que tudo é culpa de um tal ICMS que surgiu em 2021, fruto de um complô digno de
‘Pinky e o Cérebro’ encabeçado pelos governadores. Falando sobre a
Petrobras, eu acho que o nosso país deveria resolver o que quer dessa empresa,
pois se for para atender aos interesses da sociedade que seja feito o fechamento
de capital e se for para atender aos interesses do mercado, que seja feito a
completa abertura do setor e venda da participação do governo. O que não dá
mais é eu ficar olhando para a bomba do posto de combustível enquanto abastece o
tanque de gasolina e sorridentemente me conformar com a frase “a Petrobras é nossa”
a cada R$ 6,19, pelo menos uma das pontas desse problema precisa ser resolvida.
O Paulo Guedes, que eu já falei ainda
no meio do ano passado que deveria ser demitido, realmente não tem mais plano
para o país. A PEC dos Precatórios, é apenas uma forma de legalizar a pedalada
fiscal pra dar espaço ao populismo eleitoreiro (no estilo petista). A Reforma do
IR, continua protegendo partes intocáveis da Elite.
Na política ambiental, a Amazônia
pega fogo e milhares de grileiros e garimpeiros invadem a floresta e ainda
existem aqueles que defendem a regularização da situação legal dessas terras
invadidas. Enquanto isso o agronegócio sofre com a crescente pressão ambientalista
internacional contra o Brasil e que pode prejudicar o nosso único setor que
consegue operar de forma competitiva. É incrível como até poucos anos atrás o
nosso país estava na vanguarda da proteção ao meio ambiente e combate a Emergência
Climática, fizemos até mesmo uma cerimônia de abertura da Rio-2016 vendendo
essa imagem ambientalista! Hoje somos a pária internacional.
No campo diplomático, ainda assistimos
atônitos ao governo perder seu amor eterno, Donald Trump. Acredito que depois
de assistirmos a polêmica envolvendo os submarinos australianos, fica-se claro
que os EUA independente do governo republicano ou democrata sempre vão colocar a
‘América Primeiro’ em detrimento de qualquer outro país, sejam eles aliados
relevantes e estratégicos ou apenas países que tem fetiche em ficar de quatro.
Existe algum problema na estratégia americana? Nenhum. O que falta no Brasil é
termos um pouco de consciência de que somos apenas um ator coadjuvante no
tabuleiro global, e qualquer governo brasileiro de Direita ou de Esquerda tem
que priorizar na diplomacia a busca por mercados consumidores para nossos
produtos. Aqui é preciso fazer uma crítica ao governo petista, que tal como
Bolsonaro também acham que o Brasil tem um lugar na mesa das grandes potências
globais, lamento dizer: Não temos! Já perdemos o nosso bônus demográfico, somos
militarmente fracos, economicamente frágeis e geograficamente o Atlântico Sul não
é onde será jogada as grandes partidas geopolíticas nos próximos 50 anos. Nosso
maior ativo é a Amazônia e estamos fazendo o possível para o destruir.
O que resta agora é torcermos para
que o país eleja algum preparado para navegar esse país pelas águas turbulentas
de 2023. A alta dos juros americanos e a desaceleração natural da economia global
no pós-COVID, vão colocar o nosso país diante de ventos desfavoráveis e precisamos
de alguém capaz de encarar esses problemas e acalmar nossa política. Já
ficou claro, que não será Bolsonaro no comando em 2023, mas por enquanto a
possibilidade de termos o tal Lula 3.0, é no mínimo de dar calafrios.
AVISO: Esse blog é apenas um relato de experiências e opiniões pessoais, trata-se da visão do autor e aplicada apenas a singular realidade social, psicológica e econômica em que ele está inserido. Tendo isso em mente o leitor deve desconsiderar qualquer postagem ou comentário desse blog para a tomada de decisão sobre investimentos. Se você leitor deseja orientação de investimentos, procure profissionais qualificados.