domingo, 19 de setembro de 2021

O Brasil à deriva


Já faz mais de 10 dias desde o tão falado ‘Dia D’ do bolsonarismo, depois de um mês inteiro de apreensão no país os bolsonaristas finalmente iriam mostrar ao que vieram e segundo alguns, tentariam um golpe de estado contra a nossa democracia.

Eu particularmente nunca acreditei na possibilidade de um golpe, não é atoa que simplesmente ignorei o tópico no fechamento mensal de agosto. Aliás, qualquer pessoa investidora que realmente acredita na possibilidade de um golpe, tem que refletir com o mínimo de sensatez quais seriam os efeitos de tal ato contra seus investimentos. No meu caso em particular, se eu acreditasse na possiblidade de um golpe agora ou em algum momento no futuro, já teria liquidado meus investimentos e enviado tudo para o exterior. Eu não o faço, pois não acredito.

Aquele movimento de 7 de setembro, não era exatamente composto por pessoas que tem coragem de fazer alguma coisa para mudar o status quo (ainda que para pior), a agenda visivelmente era para defender sua posição e status social que sentem que é ameaçado pela possibilidade de um governo de esquerda, claro, tudo devidamente acompanhado (ou disfarçado?) de mantras como “família”, “pátria”, “liberdade” (???), “contra a sexualização nas escolas” e “contra a corrupção”.

Evidentemente o que se seguiu foi um discurso bizarro do presidente, mas ainda assim broxante para os mais exaltados bolsonaristas que esperavam que ele declarasse pelo menos um Estado de Sítio (ignorando o fato que o presidente não é capaz de tomar essa decisão), mas foi por aí que acabou o dia. Para a frustração geral da extrema-direita que não viu o que queria naquele feriado.

A coroação de tudo isso veio nos dias seguintes quando o presidente de forma humilhante recuou de tudo aquilo que falou e fez, em um dos momentos mais vexaminosos da política brasileira. Deixou a própria base perplexa e confusa, mas porque ficaram surpresos? O Bolsonaro sempre mostrou que está preocupado exclusivamente em salvar a própria pele e da sua família, no clássico ditado popular de “vai-se os anéis e ficam os dedos”.

O que sobra de legado do 7 de setembro é que o governo já acabou, basicamente é um Titanic pós-iceberg, o Centrão já está com os coloques salva-vidas na espera do momento certo para pular na água e embarcar no primeiro navio que aparecer em forma de RMS Carpathia, seja ele comandado por Lula ou alguém da sonhada terceira via.

A economia está em frangalhos, temos um problema inflacionário, causado por dois fatores: os combustíveis, que segundo o governo o lucro bilionário e recorde da Petrobras não tem nada haver com a história e que tudo é culpa de um tal ICMS que surgiu em 2021, fruto de um complô digno de ‘Pinky e o Cérebro’ encabeçado pelos governadores. Falando sobre a Petrobras, eu acho que o nosso país deveria resolver o que quer dessa empresa, pois se for para atender aos interesses da sociedade que seja feito o fechamento de capital e se for para atender aos interesses do mercado, que seja feito a completa abertura do setor e venda da participação do governo. O que não dá mais é eu ficar olhando para a bomba do posto de combustível enquanto abastece o tanque de gasolina e sorridentemente me conformar com a frase “a Petrobras é nossa” a cada R$ 6,19, pelo menos uma das pontas desse problema precisa ser resolvida.

            O Paulo Guedes, que eu já falei ainda no meio do ano passado que deveria ser demitido, realmente não tem mais plano para o país. A PEC dos Precatórios, é apenas uma forma de legalizar a pedalada fiscal pra dar espaço ao populismo eleitoreiro (no estilo petista). A Reforma do IR, continua protegendo partes intocáveis da Elite.

            Na política ambiental, a Amazônia pega fogo e milhares de grileiros e garimpeiros invadem a floresta e ainda existem aqueles que defendem a regularização da situação legal dessas terras invadidas. Enquanto isso o agronegócio sofre com a crescente pressão ambientalista internacional contra o Brasil e que pode prejudicar o nosso único setor que consegue operar de forma competitiva. É incrível como até poucos anos atrás o nosso país estava na vanguarda da proteção ao meio ambiente e combate a Emergência Climática, fizemos até mesmo uma cerimônia de abertura da Rio-2016 vendendo essa imagem ambientalista! Hoje somos a pária internacional.

            No campo diplomático, ainda assistimos atônitos ao governo perder seu amor eterno, Donald Trump. Acredito que depois de assistirmos a polêmica envolvendo os submarinos australianos, fica-se claro que os EUA independente do governo republicano ou democrata sempre vão colocar a ‘América Primeiro’ em detrimento de qualquer outro país, sejam eles aliados relevantes e estratégicos ou apenas países que tem fetiche em ficar de quatro. Existe algum problema na estratégia americana? Nenhum. O que falta no Brasil é termos um pouco de consciência de que somos apenas um ator coadjuvante no tabuleiro global, e qualquer governo brasileiro de Direita ou de Esquerda tem que priorizar na diplomacia a busca por mercados consumidores para nossos produtos. Aqui é preciso fazer uma crítica ao governo petista, que tal como Bolsonaro também acham que o Brasil tem um lugar na mesa das grandes potências globais, lamento dizer: Não temos! Já perdemos o nosso bônus demográfico, somos militarmente fracos, economicamente frágeis e geograficamente o Atlântico Sul não é onde será jogada as grandes partidas geopolíticas nos próximos 50 anos. Nosso maior ativo é a Amazônia e estamos fazendo o possível para o destruir.

            O que resta agora é torcermos para que o país eleja algum preparado para navegar esse país pelas águas turbulentas de 2023. A alta dos juros americanos e a desaceleração natural da economia global no pós-COVID, vão colocar o nosso país diante de ventos desfavoráveis e precisamos de alguém capaz de encarar esses problemas e acalmar nossa política. Já ficou claro, que não será Bolsonaro no comando em 2023, mas por enquanto a possibilidade de termos o tal Lula 3.0, é no mínimo de dar calafrios.

AVISO: Esse blog é apenas um relato de experiências e opiniões pessoais, trata-se da visão do autor e aplicada apenas a singular realidade social, psicológica e econômica em que ele está inserido. Tendo isso em mente o leitor deve desconsiderar qualquer postagem ou comentário desse blog para a tomada de decisão sobre investimentos. Se você leitor deseja orientação de investimentos, procure profissionais qualificados.

quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Fechamento Agosto/2021: R$ 217.587,63 (-0,11%)

O The Australian, relata que o mercado acionário da China pode estar oferecendo uma oportunidade única para a entrada de investidores estrangeiros. A aposta é que às recentes medidas do governo chinês de regulação contra as grandes companhias privadas do país é apenas um ruído de curto prazo e que nada mudou na política chinesa que mantém a filosofia de construir um capitalismo ao “estilo chinês” e distante do modelo ocidental, e que esse tipo de movimento causou várias oportunidades de compra nos últimos anos, e que estamos apenas diante de uma repetição desse cenário. O jornal aponta que várias empresas chinesas de tecnologia agora estão sendo negociadas com um prêmio de desconto de até -60% em comparação a seus pares americanos.

O The Wall Street Journal, publicou uma reportagem especial revelando um dilema que milhares de pequenos negócios nos EUA estão enfrentando nos últimos tempos; taxas com pagamentos com cartões de crédito. Os comerciantes com margens cada vez mais apertadas veem nos custos desse tipo de transação mais um fato limitante nas suas margens e por isso é cada vez mais intenso o movimento para dar descontos aos clientes que pagarem com dinheiro ou cartão de débito, ou até mesmo limitar o pagamento do cartão a compras acima de US$ 5, ao mesmo tempo em que tenta preservar suas margens, percebeu-se que cada vez menos os consumidores andam com dinheiro e o empresário precisa se equilibrar entre lucratividade e o volume de vendas.

Vamos ao fechamento mensal:

Já não é novidade um mês com rentabilidade negativa em 2021, é incrível que o ano de 2020 que teoricamente era pra ter sido muito pior conseguiu entregar um resultado muito melhor. Em relação a esse mês de agosto a queda -0,11% colocou a prova o “hedge” que desenvolvi na carteira, pois enquanto o Ibovespa despencava o IVVB11 se aproveitava da volatilidade cambial e do desempenho do S&P500 para caminhar em um rumo diferente. No final do mês o crescimento da tensão política-fiscal infelizmente empurrou o resultado para o vermelho.

Os dividendos foram satisfatórios, com um desempenho de R$ 251,56. Estou cada vez mais próximo de bater o objetivo anual de recebimento de proventos. A menção negativa fica por conta de Taesa que eu esperava receber dividendos, mas vamos voltar a falar sobre ela depois.

Aportes: No que tange a recursos novos fiquei a poucos reais de R$ 4 mil de aporte, foi o meu mês com a menor despesa em 2021, o que proporcionou um aporte gordo. No final do mês recebi o bônus de resultado do 1º semestre na empresa, mas como já fiz nos últimos anos decidi que vou aportar ao longo de setembro, o objetivo é evitar concentrar muito os aportes em agosto e ir distribuindo dentro do mês de setembro.

Comprei os seguintes ativos:

  • RZTR11 (FII de propriedades agrícolas): é um fundo recente e que tem feito uma boa alocação dos recursos captados, tem entregado um DY interessante e pelo que pesquisei sobre a estratégia da gestão a ideia é entregar nas redondezas de 1% a.m de rentabilidade.
  • RAIL3: Acho que com a alta do frete rodoviário as ferrovias que já tinham vantagem competitivas vão ganhar cada vez mais espaço, além disso, a exposição da Rumo é principalmente voltada para a escoação do agronegócio do centro-oeste do país, o que teoricamente os coloca como beneficiados direto do melhor setor da economia.
  • CYRE3: Achei o resultado do terceiro trimestre bem ‘OK’ e a queda do preço da ação me motivo a comprar na expectativa de ter uma ação de crescimento e que entregue bons dividendos. Infelizmente caiu mais depois que comprei.
  • BBDC4: O preço me pareceu atrativo e apesar do desempenho no segundo trimestre não ter agrado, aparentemente é um resultado isolado e motivado pelo impacto na Bradesco Seguros da indenização com Covid-19. Acho que o banco tem conseguido expandir sua carteira e sua política de enxugamento de gastos é muito interessante. A perspectiva de bonificação anual de ações também é digno de nota.
  • Tesouro IPCA+: Com o stress causado pela crise política-fiscal as taxas de tesouro direto dispararam durante o mês, acabei por comprar IPCA com vencimento em 2026. 

Ações: A Taesa entregou um resultado dentro do esperado, entretanto não entregou os tradicionais dividendos de agosto o que furou a minha expectativa de dividendos do mês, apesar disso a diretoria da empresa está interessada em comprar uma empresa e aparentemente o valor ficará em caixa para apoiar essa compra, vamos acompanhar o desenrolar.

Decidi por vender VIA (antiga Via Varejo), não vejo o menor sentido em manter na carteira. A empresa não tem entregado nenhum diferencial competitivo interessante e como decidi que iria investir no exterior sem aumentar a quantidade de ativos, optei por vender VIA para abrir espaço na carteira.

Fundos Imobiliários: Esses sofreram muito e acho que nenhum deles entregou algum resultado de destaque.

Optei por vender RBFF11 e o fiz por vários motivos: a gestão da Rio Bravo anda se envolvendo em várias subscrições abaixo do valor patrimonial, o fundo está muito desconto e entregando um Yield alto, mas o Yield está alto por mérito da gestão ou pelo fundo estar sendo negociado a 0,85 P/VP? Saiu da carteira e abriu espaço para RZTR11.

ETF’s: A exposição a IVVB11 funcionou dentro do que eu esperava como um “hedge” da carteira. O HASH11 foi vendido, não gostei da experiência com criptomoedas e não tenho interesse em investir diretamente nessa classe de ativo.

Renda fixa: Comprei o IPCA+ com vencimento em 2026. No momento eu não vi sentido em comprar pré-fixados que é o que normalmente faço quando trata-se de TD. A Selic está em 5,25% e na melhor das hipóteses parece caminhar para 7,5%-8,0% no final do ano, acho que travar em uma taxa de 9,xx ou 10,xx é arriscado no momento.

Vida profissional: Nada relevante.

Vida pessoal: Recebi a primeira dose da vacina nessa semana.

AVISO: Esse blog é apenas um relato de experiências e opiniões pessoais, trata-se da visão do autor e aplicada apenas a singular realidade social, psicológica e econômica em que ele está inserido. Tendo isso em mente o leitor deve desconsiderar qualquer postagem ou comentário desse blog para a tomada de decisão sobre investimentos. Se você leitor deseja orientação de investimentos, procure profissionais qualificados.