Para muitos de vocês leitores que moram nos grandes centros urbanos o COVID19 já é uma realidade no cotidiano, mas para as pequenas cidadezinhas ele ainda é algo distante, bom, no meu caso isso era verdade até semana passada.
A Secretária de Saúde confirmou durante essa semana o primeiro caso de COVID19 na cidade, quando você mora em um lugar pequeno e onde todo mundo conhece todo mundo, você passa a ver o rosto da doença. Eu confesso que mesmo levando a sério a pandemia e tentando tomar todas as medidas de prevenção e mesmo sabendo que mais cedo ou mais tarde a doença chegaria, quando o primeiro caso foi confirmado o choque foi grande, é uma sensação de que por mais que seja um fato e ele seja esperado, você acaba não querendo acreditar.
Eu conheço pessoas do grupo risco, tenho familiares no grupo de risco. Na minha caminhada para o trabalho antes de tudo isso começar as ruas eram ruas cheias de pessoas varrendo a calçada, conversando amenidades entre vizinhos, crianças indo e vindo da escola, enfim o que era a vida normal foi substituído por ruas desertas e as poucas pessoas que ainda transitam já não param para conversar como antes.
Aqui na cidade o comércio chegou a ficar fechado por alguns dias, já faz várias semanas que tudo voltou a abrir, mas é inegável que o faturamento dos comerciantes caiu muito, claro, e isso vale para todos os setores, desde as lojas de roupas passando por toda a economia e chegando até nos supermercados que Brasil afora são considerados como beneficiados da crise, o que não é 100% uma verdade, no caso destes é real que as pessoas estão cozinhando mais em casa, recebendo amigos em casas e evitando sair pras ruas, mas é real que com a dificuldade de frequentar os supermercados e a limitação de pessoas dentro do estabelecimento a tendência é deixar de comprar alguns itens considerados supérfluos, o que faz estoques ficarem parados e como sabemos os produtos tem data de validade e com margens pequenas nesse setor, o lote descartado no lixo faz diferença no fechamento do mês.
O temor nas pessoas é grande pela demissão, as empresas já estão cortando funcionários no interior, e confesso que achei os números expressivos por aqui. Aqueles poucos que fizeram uma reserva de emergência vão tocar o barco até a crise passar, mas sabemos que poucos tem reservas e ainda menos são aqueles que tem condições de ficarem pelo menos 1 a 2 anos sem renda. O que me deixa triste é ver pais e mães de famílias perdendo o emprego com crianças pequenas e com membros doentes da família que dependem de tratamentos caros ou do plano de saúde que não podem mais contar. É inimaginável o que se passa na cabeça dessas pessoas.
É vendo o COVID19 fazer vítimas não apenas pelo vírus mas pelo reflexo na economia que fico cada vez com um sentimento mais pessimista sobre o mundo que vivemos, as coisas parecem que só tem piorado e quando surge um sinal de melhora tudo volta a piorar, eu sou jovem ainda, mas vejo a volta dos bons tempos da economia ser algo cada vez mais distante ou até impossível.
Parece que tudo de ruim acontece de forma ainda pior no Brasil, o mundo parece estar saindo da crise de COVID19 e nós continuamos a afundar cada vez mais, como é possível uma coisa dessas? Eu acho que a raiz do problema é a negligência de décadas e décadas na educação, o brasileiro passa por um sistema educacional que não consegue formar um senso crítico, por isso essas fake news e ideias estúpidas acabam se espalhando tão fácil nesse país, se fossemos um país com um nível educacional melhor certamente essas teorias da conspirações que ultrapassam o ridículo não seriam levadas a sério por tanta gente. Só para deixar claro o problema da nossa educação não é restrito a classes mais baixas, a "elite" também é parte do problema, por mais que frequentem boas escolas elas funcionam para construir uma bolha que impede de ver a realidade do país.
O país só vai sair dessa situação quando as pessoas acordarem pra realidade e pensar no que vamos fazer no dia de amanhã e como vamos fazer isso juntos, essa crise pede união entre as pessoas e cooperação. O grande problema do brasileiro é que somos um povo que se acha: gentil, acolhedor, generoso e hospitaleiro, mas é nessas épocas que vemos infelizmente a verdadeira face desse país, é aqui que o "jeitinho brasileiro" mostra-se tão nocivo, pois o "jeitinho" envolve tentar tirar vantagem de tudo ou achar que a lei só vale para os outros e que você não precisa cumprir ela pois se acha "especial".
Enfim, nesse texto passei por muitos tópicos mas resolvi escrever ele conforme as ideias iam surgindo na mente. O momento é delicado e precisamos fazer a nossa parte. Vamos se esforçar para sairmos disso como pessoas melhores!
Bom Maio.