Liquidez, liquidez... como é boa a liquidez!
- Ela tem um nome bonitinho, em inglês ou alguma sigla.
- Seu CEO é um sujeito que adora fazer mídia, sempre disponível para entrevistas com jornalistas e muito ativo no mercado na hora de divulgar os novos projetos revolucionários da empresa.
- O ramo de negócio é disruptivo, vai mudar completamente o mercado atual dominado por empresas velhas e antiquadas. Quem quer ganhar dinheiro com arroz e feijão? Vamos fazer uma disrupção!
- Pregar o potencial impacto da transformação social da empresa, ela não quer lucrar, ela quer uma sociedade melhor.
- A base de fãs de é tão grande e apaixonada quanto a de um tipo de futebol ou do seu político favorito.
- Não consegue entregar lucro, na verdade ela entrega rombos incríveis no balanço todos os anos, mas o mercado não liga, todo mundo sabe que ela é uma empresa de crescimento e que prejuízos de centenas de milhões são totalmente aceitáveis, afinal de contas a Amazon registrou prejuízos por anos, e como todos sabemos ela não é a exceção e sim a regra entre as empresas.
- Os últimos detalhes estão sendo acertados e basicamente o que falta é definir onde vai acontecer o IPO, se vai rolar nos trópicos, na imponente Nova York, em alguma bolsa emergente da Ásia ou aproveitar o inverno europeu para estrear em grande estilo.
-
Todos nós já vimos essa história ser contada, quem não se lembra daquela petrolífera que prometia ser uma nova potência nacional com a exploração do pré-sal e que decolou na bolsa de valores sem apresentar resultado nenhum, apenas com a promessa, aí furaram o poço e TCHARAM! fracasso total.
E aquela empresa que prometia revolucionar o comércio varejista eletrônico lá pelos meados dessa última década? Era uma verdadeira máquina de vendas, era case de estudo em qualquer curso de administração nesse país, crescimentos estratosféricos e uma base de fãs crescentes, veio o IPO a projeção de crescimento dos lucros e resultados foi feita, o mercado comprou, a ação decolou e aí se deu conta de que a empresa não entregava resultados, terminou sendo vendida por menos do que a sombra dos seus dias mais gloriosos, e hoje é um "puxadinho" de uma grande varejista.
E que tal aquela empresa disruptiva que vai revolucionar o centenário mercado de montadores de automóveis? Aquela empresa que decolou igual um foguete em 2019-20 depois de entregar um "lucro" pela primeira vez em anos, mas que na prática não consegue lucrar com sua atividade principal e o tal lucro nada mais é do que operações com créditos regulatórios, enquanto isso o que deveria ser o seu principal ramo de negócios assiste a uma piora de resultados.
E isso para nem entrar no mérito das fintechs que são a modinha do momento, igual foram franquias de paletas mexicanas alguns anos atrás.
E vamos parar por aqui, pois imagina só se resolvemos dar uma olhada naquele emaranhado de empresas que recebem injeções de liquidez de fundos multibilionários que só colaboram para inflar o mercado.
O que me assusta é que alguns analistas parecem estar deixando de lado os critérios de análise objetivos sobre as empresas (pois eles escacaram a realidade) e focando em "novas métricas" que podem até ser bonitinhas no conceito, mas que na prática não garantem nem de longe uma noção sobre a sustentabilidade do negócio.
Não existe nada de errado na presença dessas empresas no mercado, seja na bolsa ou na carteira de investimentos de fundos, o problema é que os investidores precisam passar a reconhecer o que é realisticamente possível para uma empresa entregar e não aquilo que é utópico. A entrada de centenas de milhares de novos investidores no mercado em 2020 me faz questionar quantos deles estão preparados para analisar de verdade os negócios onde colocam suas economias?
Cedo ou tarde os juros na economia mundial vão precisar subir, a torneira da liquidez vai fechar e aí quando a água baixar vamos descobrir quem estava nadando pelado.
-
IMPORTANTE: Esse é um blog de cunho pessoal, nada do que escrevo aqui deve ser levado como recomendação de investimento, estou apenas compartilhando minhas experiências e opiniões, não recomendo a ninguém que tome decisões baseadas em algo que eu escrevo. Caso você deseja orientação sobre investimentos procure especialistas no assunto.
Tudo isso se resume em especulação.
ResponderExcluir"A entrada de centenas de milhares de novos investidores no mercado em 2020 me faz questionar quantos deles estão preparados para analisar de verdade os negócios onde colocam suas economias?"
Acredito que não chegue a 20% o percentual de pessoas que estão na bolsa que realmente sabem o que estão fazendo de forma ampla ou moderada.
No fim das contas a maioria não sabe nada.
E num monento de incertezas isso pode ser litealmente fatal. Eu mesmo estou no prejuízo em 2020, mas não fiz curso "especializado" não pago por consultorias etc etc. Meus erros e acerto são de responsabilidade minha.
E sinceramente nem sei se vou reaver o prejuízo esse ano, paciência...
Pra poder ter alguma base nas minhas escolhas venho acompanhando o mercado desde outubro do ano passado, mas a partir da pandemia se iniciou um período de espculação e volatilidade completamente fora do comum.
Fou bom pra uns e ruim pra outros e uns 80% disso é especulação, muitas empresas não vem entregando reultados condizentes com suas recentes valorizações.
Acredito que tem muita bolha pra estourar nos próximos meses.
Tem que ter bom senso pra não estourar junto.
Pra finalizar, acompnhando fóruns, blogs e videos no youtube presenciei a quantidade de fã boys, sonhadores ou sabotadores (com direito a disputa de egos) nos comentários o que me passou um imagem de extremo amadorismo por parte dos pretensos investidores.
Obrigado pelo comentário.
ExcluirEssa onda de investidores na bolsa infelizmente é cercada de extremismo, gente que tá lá comprando e vendendo ações baseadas em seus "gurus de Youtube" que viraram quase que deuses, ou então escolhem a empresa A ou B e viram o maior fã boy da empresa e coitado de quem questionar o desempenho.
Liquidez em excesso + galera novata no mundo de investimentos + ativos ruins = bolhas em formação.
É sempre complicado falar em bolhas no mercado financeiro, porém tem ativos que só por Deus, estão descaradamente inflacionados.
Abraços,
Pi.
Quanto mais utópico melhor!
ResponderExcluirSe tem uma coisa que a galera nova de bolsa não faz, é olhar fundamentos, maioria entra por causa de influenciadores de youtube que por seu lado também vivem em uma bolha, ganham dinheiro do patrocinador do vídeo, não importando se aquilo que estão espalhando é real ou não, nos próximos anos vão servir de comida pra tubarão...
Tem empresa que tá oca por dentro, mas joga uma maquiagem de markenting encima e a ação tá lá avaliada em múltiplos imensos. Fora a contabilidade criativa, já vimos exemplos esse ano aqui no BR e tem empresa grande lá fora que também tá se aproveitando pelo visto.
ExcluirGalerinha tevê um mês ruim e depois uma recuperação monstra e agora se acham "batizados", quero ver se pegar a bolsa igual ela ficou entre 2011-2014 que era andando de lado sem sair do lugar kkkkk'.
Abraços,
Pi.
Excelente texto. Essa sua descrição de um IPO é bem realista, isso virou uma indústria: criar uma empresa "bonitinha" no papel, inflar ela através de muito marketing, usar palavras mágicas moda ("disruptiva"), fazer o IPO e então arrancar dinheiro dos trouxas enquanto se livra de seus próprios papéis podres, semelhante a passar a carta do mico adiante naquele clássico jogo de cartas. E o pessoal ainda aplaude de pé e comemora. Realmente ninguém está olhando os lucros, receitas, dívidas, etc. Estão ficando encantados só com o marketing da empresa é projetando seus sonhos na imagem do CEO. Realmente,fã-boy de empresa é apenas mais uma das bizarrices desta nossa estranha era moderna.
ResponderExcluirExatamente.
ExcluirO dinheiro é traiçoeiro e não tem amigos, ir pro mercado com o pensamento de fã-boy é pedir pra perder dinheiro.
E esse problema com gente que não faz ideia do que tá fazendo na bolsa não é exclusivamente brasileiro, ontem saiu uma reportagem no The Wall Street Journal falando sobre isso.
Abraços,
Pi.
Cara, é vendo isso aí, que eu digo que não tem "filosofia" melhor que a do Bastter.
ResponderExcluirPor mais que seja conservador e "sem graça" mas é bem fundamentado.
Sair fora dessa linha de investir em boas empresas para o longo prazo é pedir para perder dinheiro. Mas obviamente a tentação é grande de comprar uma empresinha aqui e vender ali pra ganhar uns trocos.
Sim, nada melhor do que investir no longo prazo. O maior porém é conseguir identificar as empresas que ainda serão relevantes e sólidas daqui a 30 anos.
ExcluirComprar aqui e vender ali com lucro é uma estratégia, mas o problema do pessoal é que eles miram em bolhas e quando tem uma queda as bolhas costumam mergulhar fácil 60% ou 70%. Resultado? Se f$%%@
Abraços,
Pi.
Analistas de mercado são isso mesmo, vendedores. Não são nobres altruístas com a intenção de ajudar o aportador a enriquecer.
ResponderExcluirMuito bom, fundamento se perdendo mesmo, é nítido você ver a galera investindo mais na esperança. Já li muito livro de warren buffett e ele sempre rebate nessa tecla hehe
ResponderExcluirInformação engraçada da semana, viu a snowflake que warren buffett entrou no IPO? A galera se empolga tanto que já fez a ação subir 110% no lançamento rsrs
Pois é, hoje em dia o povo desenvolveu um fanatismo por investidor, já virou quase uma seita, vai discordar do que um desses "influencers" falam pra você ver.
ExcluirO Sr. Buffett tem um histórico de sucesso, mas tem umas fraudes na internet aí que o povo adora pagar pau.
Claro, eu não entraria em uma ação só porque o Warren está nela, mas uma ação que está na carteira dele deve ser sempre ANALISADA.
Abraços,
Pi.
Tem espaço pra tudo numa boa carteira, se a pessoa quer por um capital em alto risco ok
ResponderExcluirQuem comprou tesla se deu bem quem comprou empresas X faliu, vou por um exemplo coloca 1k em dez empresas se uma explodir 1000% vc pode ter prejuízo em todas as outras que apenas uma já valeu a pena. Acho que Taleb fala disso apostar com percas limitadas mas com possibilidades de ganhos ilimitados. Eu não faço (por enquanto),mas não vejo problema em alocar 1% 5% 10% em alto risco.
O problema é que a modinha é apostar somente em "alto risco", pois elas parecem subir igual um foguete até virar uma bolha e explodir.
ExcluirAbraços,
Pi
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluir