sábado, 15 de janeiro de 2022

Sobre investir no que não conhece


O Peão Playboy fez uma excelente reflexão no blog dele e convido todos vocês a passarem lá para dar uma olhada. Esse post dele me fez pensar muito a respeito da diversificação de investimentos e investir naquilo que é “nossa praia”.

Eu pessoalmente gosto de investir no mercado de capitais, acabei criando um gosto por essa área, pois acho ela relativamente simples e não demanda muito tempo na gestão, soma-se a isso a oportunidade de fazer bons investimentos seguros e até a possibilidade de receber remuneração por pequenos pedaços de grandes empresas que são líderes de setores e eficiência.

Entretanto reconheço que não é a única forma de conseguir prosperidade financeira, pois da mesma forma que existem milhares investimentos iguais a mim, existem ainda mais gente investindo em outras coisas como: lavoura, pecuária, compra de imóveis, empreendimentos familiares, aluguéis e etc. Inclusive eu lamento pelo deboche que existe de vários influenciadores com pessoas que investem em imóveis de aluguel, pois saibam que muitos desses “burros” são muito mais ricos que vários influencers que só tem papo e marketing.

Mas o foco não é esse e sim contar sobre “causos” de investimentos que pessoas fizeram e dera muito errado, pois foram guiadas pelo olho gordo e não pela razão.

O primeiro caso envolve uma febre de investimentos no plantio de uma determinada cultura. A aproximadamente 10 anos atrás, por conta de problemas com pragas e o clima em regiões tradicionais dessa lavoura, o preço subiu bastante no mercado, obviamente uma oferta baixa e uma demanda alta gera um aumento dos preços. Aqui na região essa lavoura não era a protagonista, apesar de que vários produtores a tinha em porções pequenas das propriedades rurais e muitas vezes vendendo apenas como um complemento de renda para as entressafras da principal atividade da propriedade.

Com a alta dos preços, esses produtores venderam com uma margem muito boa essas colheitas e logo resolveram ampliar suas produções, com muitos inclusive transformando ela na principal das propriedades. Na safra seguinte os preços continuaram em alta, e novamente conseguiram uma boa margem de ganho.

Onde começa o problema?

Com esse “boom” muita gente que mora nas cidades começou a crescer o olho e junto isso com contas erradas e leitura ruim do mercado, o resultado foi: vamos investir também! Logo os moradores da cidade que viviam de empregos de classe média ou classe média alta, resolveram fazer arrendamento de propriedades rurais, terceirizar a produção e o plantio da lavoura e depois aguardar a venda para embolsarem um lucro gordo.

O problema é que no ano seguinte os problemas na região tradicional dessa cultura acabaram e o excesso de oferta gerou uma forte correção nos preços. E quem conhece sobre produção rural sabe que não é igual o mercado de ações, não dá para você esperar o “bear market” acabar para vender em preços altos, a produção tem limite de tempo antes que comece a se perder completamente.

A maioria desse pessoal da cidade acabou saindo com prejuízos, pois sem margem de lucro precisavam honrar arrendamentos e pagar despesas com insumos.

Outro investimento que já vi muita gente se enfiar é o tradicional: construir casas para vender. Eu conheço pessoalmente pessoas que fazem isso, comprando terrenos, fazendo casinha no estilo “Minha Casa, Minha Vida” e depois propõem a venda com financiamento na Caixa Econômica, rapidamente conseguem vender e embolsar lucro, entretanto são pessoas que trabalham na construção civil e tem conhecimento sobre compra de materiais, construção e uma boa leitura do mercado. Ao mesmo tempo todo mundo conhece alguma pessoa que resolveu fazer a mesma, entretanto sem conhecimento nenhum, o resultado é sempre o mesmo: problemas na construção, custos altos de insumos e margens pequenas de lucro. Fora que qualquer probleminha nos prazos pode deixar a pessoa com sérios problemas de fluxo de caixa.

O que quero dizer é que tanto faz investir no mercado financeiro ou em outro ramo, o importante é que você saiba o que está fazendo e que conheça não apenas o lado bonito, mas também todos os riscos envolvidos. Outra coisa importante é que antes de fazer qualquer investimento é preciso sentar e fazer na ponta do lápis cálculos sobre a quantidade de capital necessária, o fluxo de capital entrando e saindo durante todo o período de investimento, a margem de segurança e reserva necessária e o custo de oportunidade desse investimento.

E vocês amigos leitores, já se meteram em investimentos ruins ou conhecem histórias? Quem quiser compartilhar nos comentários, fique a vontade!

AVISO: Esse blog é apenas um relato de experiências e opiniões pessoais, trata-se da visão do autor e aplicada apenas a singular realidade social, psicológica e econômica em que ele está inserido. Tendo isso em mente o leitor deve desconsiderar qualquer postagem ou comentário desse blog para a tomada de decisão sobre investimentos. Se você leitor deseja orientação de investimentos, procure profissionais qualificados.

17 comentários:

  1. Ótimo post PI, obrigado por ter me citado. Interessante esse causo da lavoura, porque vejo exatamente isso acontecendo agora com a Soja e o Gado. Muitas pessoas da pecuária vendendo seu gado para plantar soja por causa do preço da saca atual, enquanto outros leigos da cidade comprando gado no topo do preço da carne. Eu sempre vi isso com extrema desconfiança. Então é muito provavelmente que num futuro bem próximo esses aventureiros irão se dar mal.

    Por fim, todos os grandes investidores de que já li a respeito falam sobre o tal círculo de competência. E eu acredito muito nisso, acho que é um dos segredos do sucesso.

    Esquece oque da mais rentabilidade e foca no que você entende.

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    1. Exatamente.

      O problema da soja é um pouco mais extremo, normalmente para plantar soja de maneira rentável é preciso uma boa quantidade de terra para o manejo. Tem gente grande fazendo merda.

      Sobre o gado, o preço tá caro e de encher os olhos de qualquer leigo, mas os custos subiram bastante e o preço do bezerro também.

      Abraços,
      Pi

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  2. Acho que tudo se resume a um ponto. No Brasil o que impera é o efeito manada, simples assim.

    O que tá dando dinheiro? O que o povo tá fazendo? Essas são as perguntas que as pessoas se fazem a todo o momento de forma consciente ou não.

    O curso de Publicidade já foi o curso da moda. Vai um monte de gente fazer publicidade, até esculhambar a área.
    Enquanto tatuagem era algo considerado marginal pouca gente fazia. De uns anos pra cá virou moda e é difícil alguém que não tenha tatuagem.
    Fumar já foi moda no passado, a maioria fumava, depois isso foi caindo pela massiva campanha anti fumo e o consumo diminuiu.
    Plantar soja pode ser o negócio do momento, cai uma porrada de gente plantar soja e o preço cai, aí muitos abandonam e vão pra próxima cultura do momento.
    Food truck virou um negócio interessante, começaram a pipocar um monte de food trucks de tudo quanto é jeito e gênero.
    Bolsa sempre foi um ambiente de poucos investidores no Brasil, aí com a internet começaram a pipocar exemplos verdaderiros e/ou fakes de pessoas que enriqueceram com ações. O resultado sabemos, muitos já tomaram na tarraqueta.
    Fora as já conhecidas pirâmides financeiras...

    O que há de comum em tudo isso? EFEITO MANADA.
    O brasileiro médio é extremamente inseguro e dependente de aprovação externa. O resultado é tudo o que descrevi e muito mais.
    Aqui se faz o que "todo mundo" faz. Ponto.

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    1. Anônimo,

      Muito válido o seu comentário.

      O mesmo que se aplica a investimento se aplica a outros aspectos da vida.

      O bom exemplo da tatuagem é apenas mais um deles, aqui no interior tá uma moda comprar "chácaras", o intuito não é produzir nada e sim ter um lugar para festejar. O curioso é que quem vende o sitio inteiro ganha muito menos grana (por hectare) do que quem resolve fatiar e vender em chácara, a galera paga uns ágios de 20%-30% com tranquilidade.

      Eu lembro que em meados de 2015 a modinha era a tal da Paleta Mexicana, que convenhamos não tem nada de especial. Antes da pandemia a moda aqui na região foi a tal da hamburgueria, de cada 10 hamburgueria sobraram no máximo 3 ou 4.

      O povo vai na modinha e sem conhecimento nenhum.

      O investimento em ações nem se fala, tem gente que não tem o básico de controle financeiro e acha que simplesmente jogando dinheiro na bolsa vai ganhar grana para comprar o carro novo.

      O brasileiro mistura imediatismo com baixo nível da qualidade do sistema educacional, o resultado é esse país ferrado.

      Abraços,
      Pi

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    2. Sou o anon 15:03
      Moro em interior também e isso que você descreveu vem acontecendo de forma semelhante aqui.
      Depois que a internet se tornou popular já é possível ver o poder dessa ferramenta em relação ao comportamento e formação de ideias e opiniões das pessoas.
      E tem muita gente surfando nessa onda.
      A mais nova moda é morar no mato. Tem imobiliária lucrando em cima disso, com canal na internet fazendo aqueles videozinhos sobre o interior maravilha.
      De fato muitos propriedades especialmente mais próximas aos perímetros urbanos das cidades estão sendo loteadas. Aí o dono ao invés de vender uma única propriedade, vende várias menores e ganha mais dinheiro.
      Essas pequenas propriedades justamente pelo seu tamanho não tem capacidade de gerar uma boa renda vinda de alguma produção agrícola e aí viram essas "chácaras gourmet", onde de fato rolam festas com muita bebida, aquele narguile (mais uma moda) e outras porcarias.

      Produzir de fato alguma coisa, trabalhar, meter a mão na massa pouca gente quer, o negócio é fazer o mínimo necessário pra encher o bucho de álcool e postar fotos nas redes sociais no fim de semana.

      Com relação as modas entre empreendimentos não citei as barbearias gourmet que já tem em tudo quanto é canto.

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    3. Anônimo,

      É ridículo aqueles vídeos de Youtuber morando no mato, pregando autosuficiência e libertadade, só mostram o lado bom e a facilidade. Quero ver o cidadão de 40 anos de idade, que cresceu em condomínio de SP, largar a Faria Lima e ir morar no interior... em dois dias já muda esse pensamento.

      Ah sobre o que rola nas chácaras, aqui também virou um tipo de lugar usado para as pessoas mostrarem quem elas são e onde elas tem um pouco mais de liberdade do que nas cidades.

      Narguile é uma merda que não entendo a graça.

      Barbearias gourmet? KKKKKKKKKKKKK eita negócio sem sentido. Engraçado que criaram um "ambiente hetero" para arrecadar mais grana do trouxa. Cobram mais caro pelo benefício de uma mesa de sinuca. Porra, uma mesa de sinuca? No cabelereiro! Sério isso?!

      Abraços,
      Pi.

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    4. As modinhas que me lembro:

      - barbearia gourmet (algumas além da sinuca têm um PlayStation ou um xbox tambem, fora a cerveja. Eu não vejo graça,pois não gosto de ficar esperando pra cortar o cabelo, então se a fila estiver grande, nem entro, deixo pra outro dia)

      - paleta mexicana (na verdade é como se fosse a volta daquele sorvete frutily)

      - quiosque de iogurte (vendiam uns iogurtes e várias firulas para colocar por cima para dar sabor, agora sumiram)

      - hamburgueria (boa parte dos foodtrucks são hamburguerias gourmet)

      - brownieria

      - coach

      - masterclass (pagar caro pra assistir uma palestra)

      - tapiocaria (não sei se chegou a ser modinha, mas foi mencionada numa das crônicas do blog do Seu Madruga investimentos)

      - Narguilé em festas, principalmente de formatura de faculdade

      - cerveja artesanal (algumas são boas mesmo, mas teve uma época recente que tava todo mundo querendo ser cervejeiro)

      - chá de revelação (do sexo do bebê)

      - mêsversário de bebê

      Tem outras... mas agora não lembro. Se alguém ler isto e lembrar de outra modinha, acrescente à lista, por favor!

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  3. Boa tarde PI! O primo rico diz uma coisa que ficou gravada na minha cabeça: "O que acaba com um investidor é a ganância." Acredito muito nisso. A maior parte das pessoas que "perde tudo" é por que tentaram ganhar dinheiro de forma rápida e não natural. Deixaram a ganância falar mais alto. É a máxima do "pra ficar rico tem que estar pronto pra ficar pobre". Lembro também do caso das fazendas de Emas (o bicho mesmo) no centro do Brasil. Uma pirâmide vendeu pra população que o futuro era investir em fazendas de Emas e que o lucro era garantido. Muita gente caiu no golpe...
    Desde que eu ouvi essa frase do Primo Rico sempre repito pra mim mesmo "Cuidado com a Ganância, pois é ela a principal responsável por cometermos erros nos investimentos". Foco no lucro normal e na avaliação de risco-retorno.
    Grande abraço!
    VVI - vvibr.blogspot.com

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    1. Não gosto muito do que o Primo Rico fala, mas é preciso concordar com ele (é o óbvio que ninguém fala).

      O enriquecimento é acima de tudo perseverança e tranquilidade.

      Abraços,
      Pi

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  4. Olá, PI.

    Gostei dos comentários anteriores e da sua posição na postagem. Eu mesmo não invisto no que não conheço. O que mais tem por aí é modismo e quem ganha hoje são os que vendem cursos.

    Esse negócio de chácaras parece que é no Brasil todo. Vejo isso por toda parte.
    Meu sogro tem muitos imóveis comerciais e ele insiste para eu comprar também, mas eu não gosto e vejo que isso dá muita dor de cabeça e gastos. Esse último muita gente não coloca no caderno.

    Abraços!

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    1. Olá Cowboy,

      O pessoal só vê o aluguel e esquece da dor de cabeça. Prefiro os FIIs.

      Abraços,
      Pi

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  5. Cada um tem que investir no que se sentir confortável e acho que pra praticamente todo investimento deve valer aquele trinômio (aporte + tempo + valor).

    Às vezes o sujeito não entende nada (e não quer nem entender) de computador, homebroker, análise de balanço, etc mas é um exímio empreiteiro... ele vai ganhar muito dinheiro construindo casinhas e vendendo ou colocando para alugar e provavelmente perderia dinheiro investindo em ações até de empresas boas, pois não teria cabeça para holdar... tem gente que é executivo top de empresa, faz análises mirabolantes de empresas, tem raciocínio rápido, mas não sabe nada de construção e se mete em rolo de comprar terreno, fazer casa, e se ferra... e tem gente que provavelmente só poderia ter caderneta de poupança mesmo, por N motivos.
    Cada um tem que achar o que dá certo para si. O problema é que com a internet as informações correm rápido demais, surgiram as redes sociais, os influencers, e aí muita gente vive na ilusão de que tem um único jeito certo de investir (que geralmente envolve assinar o plano master trader com relatório semanal de alguma corretora, comprar setup e cursinho de trader, etc)...

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    1. Mago,

      Sua análise é certeira, a pessoa tem que investir naquilo que ela conhece e naquilo que dá prazer a ela.

      Eu invisto em ativos financeiros pois tenho prazer de olhar as empresas, FIIs e a simplicidade da gestão.

      Admiro muito quem investe em criação de gado, pois sei que não é uma tarefa nada fácil. A diferença é que não me iludo fácil com influenciador digital, seja ele me prometendo a riqueza de R$ 1 milhão em 1 ano ou mostrando a simplicidade do "faça-você-mesmo" da vida no campo.

      Abraços,
      Pi

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  6. Fala PI! É bem paia entrar em ambiente desconhecido, ainda mais nesta esfera de finanças. O bom é estudar e colocar un poquito para ver como que funciona. Ainda mais que sou paranoico com essas coisas. Um abraço!

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  7. https://conteudos.bloxs.com.br/boi-gordo-que-licoes-aprendemos-com-essa-piramide-financeira

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