Estamos avançando pelo segundo semestre e é possível dizer que a
economia brasileira tem se saído melhor do que o esperado, apesar da alta
prevista de 2% do PIB ser medíocre para um país emergente, o nosso histórico de
crescimento não é dos melhores e devemos comemorar qualquer PIB positivo.
O que mudou em 2022? Aparentemente de fatores positivos temos apenas o
boom das commodities e a ótima safra que deve ser colhido após dois anos de
secas acima da média no centro-sul do país. Do lado negativo, o Brasil continua
com um péssimo vício de usar qualquer espaço no orçamento para gastos populistas
e de longo prazo. O ajuste fiscal feito no governo Temer e no começo do governo
Bolsonaro é simplesmente um redirecionamento de recursos e que ninguém se
engane com o suposto superávit das contas públicas, ele só vai acontecer por
conta da PEC dos Precatórios e dos gordos dividendos que o governo está recebendo.
A corrida presidencial está começando nas próximas semanas e o cenário é
dos mais desanimadores, é muito difícil imaginar que qualquer candidatura com a
exceção das de Lula e Bolsonaro tenham viabilidade eleitoral, e justamente as
duas candidaturas viáveis mostram até agora uma ausência de plano de governo
para os próximos quatro anos, são apenas discursos vagos.
Acompanhei nos últimos dias as entrevistas dos presidenciáveis na
GloboNews, gostei da Simone Tebet, ela não promete nada mirabolante e tem propostas
centristas que pregam encontrar um meio termo entre os diversos interesses, mas
como acreditar que ela pode ser presidente do país com 2% das intenções de voto
faltando 60 dias para a votação?
Desde já deixo o meu repúdio que Lula e Bolsonaro estejam fugindo de debates
e entrevistas (exceto aquelas feitas dentro da própria bolha), eles jogam dentro
da própria bolha onde ninguém os questiona sobre temas espinhosos, contradições
e planos para o governo. Espero sinceramente que ambos tenham a dignidade de
participar de pelo menos três ou quatro debates de primeiro turno e da
entrevista do JN no final de agosto (essa entrevista do JN é muito boa não pelo
conteúdo em si, mas pela condução sempre agressiva dos jornalistas que ajudam a
mostrar como os candidatos lidam com a pressão).
A rentabilidade em julho foi de +2,13%, o melhor desempenho até agora de
2022 e com isso a rentabilidade nominal acumulada no ano é de -0,32%, uma baita
redução em termos nominais, entretanto em termos reais a rentabilidade está
sofrendo muito com a inflação alta.
O desempenho foi puxado por esse sentimento global de que o pior já
passou, o que eu pessoalmente não vejo sentido e acredito que a tendência ainda
é mais de baixa do que alta dos mercados globais nos próximos meses.
Em julho foram recebidos R$ 367,43 em proventos, em comparação com o
mesmo mês do ano passado o crescimento foi de +85,7%. No acumulado do ano temos
R$ 2.640,06, um crescimento de +82,4%. O mês contou com dividendos atípicos de
HGLG11 que pagou um não-recorrente.
Aportes: O
menor aporte do ano até agora com R$ 1.335,12. É historicamente um mês de baixos
aportes para a carteira e por isso decidi mandar para Renda Fixa (R$ 1.313,69),
comprando IPCA+2026 com uma taxa de 6,08%. O restante foi apenas o
reinvestimento dos dividendos do mês na Avenue, com a compra de SCHP (ETF de títulos
de inflação americana).
Também fiz uma troca de ativos na carteira, optei por vender VINO11 e
comprar RURA11.
Ações: A
temporada de balanços acabou de começar e por ora acompanhei o resultado de
duas companhias da minha carteira. A WEG que mostrou um balanço sólido, mas com
sinais negativos nas margens, apesar disso a administração da empresa é extremamente
qualificada e continua sendo um baita ativo, adoraria comprar mais de WEG,
entretanto se ela caísse um pouco mais seria mais palatável.
A Suzano apresentou um lucro muito modesto, mas sua geração de caixa
continua absurdamente grande e com a empresa crescendo seu resultado operacional.
A situação da Suzano é interessante, a empresa está com uma perspectiva tão favorável
de Caixa que resolveu investir ainda em sua estrutura produtiva neste ano e
anunciou mais um programa de recompra de ações. Os meus objetivos com a Suzano
são de longuíssimo prazo, espero colher os frutos somente na próxima década e a
cotação andando de lado enquanto a empresa entrega evolução de performance me
deixa muito satisfeito.
FIIs: Vendi VINO11 por
conta de aquisições que tem se mostrado pouco interessantes e da alavancagem do
fundo, a rentabilidade dos aluguéis era muito baixa e a perspectiva de longo
prazo parecia frágil.
A opção pela compra de RURA11 é que gosto do Itaú como gestora e considero
que a carteira do fundo é atrativa por ser um fundo agro de papel com perfil com
foco maior em high grade, o fundo ainda é jovem e está terminando seu processo
de alocação, mas já está entregando proventos na faixa de 1% a.m. O
financiamento do agronegócio é um case interessante de investimento, é o setor
da nossa economia com a melhor competitividade e com ótimas perspectivas de
longo prazo, por isso acredito que a tendência é o desenvolvimento do mercado
de capitais.
ETF: Oscilando ao
sabor do FED.
Renda Fixa:
Estava pensando em comprar uma LIG IPCA+, mas são tantas restrições de horários
para encontrar no site da Ágora que preferi o tradicional TD IPCA+.
Vida profissional:
A crescente pressão por entregas de projetos. A reestruturação que comentei no
começo do ano e que parecia provável simplesmente sumiu do radar nos últimos
meses, hoje ninguém fala no assunto e não tem havido nenhuma movimentação a
respeito.
Vida pessoal: Nada de relevante.
AVISO: Esse blog é apenas um relato de experiências e opiniões pessoais, trata-se da visão do autor e aplicada apenas a singular realidade social, psicológica e econômica em que ele está inserido. Tendo isso em mente o leitor deve desconsiderar qualquer postagem ou comentário desse blog para a tomada de decisão sobre investimentos. Se você leitor deseja orientação de investimentos, procure profissionais qualificados.