quinta-feira, 16 de abril de 2020

Como é a vida nas cidades do interior?



 Essa é um modelo de pequena cidade do interior do Sul do Brasil. As cidades nesse estilo são mais comuns nas cidades próximas a fronteira com a Argentina e no Paraná nas cidades do Oeste e Norte do PR.
Sobre a Cidade - Portal Municipal de Turismo de Anita Garibaldi
Essa é outro modelo de cidade do sul do Brasil. Esse é o modelo mais europeu de cidade, normalmente comum no centro-sul do Paraná e na maior parte de SC e RS.

Esses dias "O Mago Economista" escreveu um artigo excelente sobre os maus hábitos do comércio, resolvi deixar minha opinião sobre como funciona no interior e vi o pessoal bastante interessado no tema da vida do interior e então resolvi fazer esse post.

Quero comentar sobre alguns pontos da vida nas pequenas cidades do interior (com menos de 15 mil habitantes), mostrar as dificuldades que morar em pequenas cidades traz para o cotidiano, e isso na realidade que conheço que é das pequenas cidades do Sul do Brasil, justo o Sul do Brasil uma região idealizada por tantos na blogosfera.  

Vamos aos tópicos:
Custo de vida básico (água, energia, TV, internet e moradia): O custo com energia e água não é muito diferente de uma grande cidade, a maioria dos estados tem companhias estaduais desses serviços e isso acaba não mudando muito, porém se você é daqueles que compra galão de água para beber em casa saiba que só gente muito rica faz isso nas cidades pequenas, a água da torneira é muito boa. Já internet é um pouco diferente, normalmente existem companhias locais ou regionais que prestam serviço diretamente para o consumidor, ou seja, é mais comum você ser cliente de um pequeno provedor de internet do que de uma grande operadora. Na maioria das vezes elas apenas oferecem pacotes de internet, ou seja, você não compra junto um acesso a telefone fixo + TV a cabo, nesses casos você acaba precisando contratar outras empresas. O preço da internet varia, normalmente você encontra pacotes 'via rádio' e 'fibra ótica', a questão da fibra ótica é que ela nem sempre está disponível, é uma tecnologia nova no interior que tem crescido nos últimos três anos, algumas cidades ainda tem limitação de cobertura mesmo na área urbana. Morar no interior é relativamente barato, normalmente você encontra apenas casas para alugar, esse negócio de apartamento naturalmente não existe no interior, e também não espere encontrar muitas kitnets, essas são bem raras e apenas em algumas cidades você encontra opção. Na maioria das cidades você encontra uma "casa comum" por R$ 500 a R$ 700 o aluguel. Se você procura por casas ainda mais simples vai encontrar opções dignas por R$ 300 a R$ 500, mas se você está procurando por casas de alto padrão, é bom saber que dificilmente você encontra elas para alugar (existem poucas e elas são casas próprias) e se encontra elas costumam girar na faixa de R$ 1.000,00 a R$ 1.500,00.
Na hora de abastecer o carro no interior você encontra poucas opções, a maioria das pequenas cidades tem dois ou três postos de combustíveis, normalmente um desses postos é de bandeira (a bandeira Ipiranga é a mais comum). O preço é difícil comparar, ele costuma oscilar bastante de uma cidade pequena para outra, porém costuma ser em média 10% mais caro do que nas cidades que são polos regionais (cidades com mais de 80k).

Serviços de saúde: Você gosta de ter acesso a um hospital? E plano de saúde? As pequenas cidades do interior dificilmente tem um hospital seja ele público ou privado, quando você precisa de atendimento médico de emergência existe os serviços municipais de ambulância e pronto socorro que vão te encaminhar para uma 'cidade polo' que em média fica a 1 hora de carro. Nas pequenas cidades você tem acesso aos postos de saúde, existe fila, e você costuma levar até 4 horas para ser atendido, quando é final de semana normalmente tem um pronto socorro e você pode ir lá se estiver se sentindo mal, porém se o médio decidir que você precisa ser internado esteja ciente que será transferido de ambulância para uma cidade maior.
Os planos de saúde normalmente não tem convênio com os poucos médicos das cidadezinhas, na verdade nem todas as cidades tem algum consultório médico privado. Se você tem um plano (e várias pessoas tem planos de saúde no interior) a principal vantagem é ser atendido em consultórios de médicos especialistas nas cidades polos. Se você não tem plano e precisar se consultar com um especialista vai ser encaminhado para a fila do SUS e quando surgir uma vaga terá de ir para a cidade polo e fazer a consulta.
Ah se você precisa comprar remédios saiba que não vai encontrar nenhuma grande rede de farmácias, simplesmente não existe! Você tem acesso a pequenas farmácias locais, o preço dos medicamentos é mais caro, o pequeno estabelecimento tem giro baixo então é difícil conseguir descontos com os distribuidores de medicamentos. Em uma cidade dessas existe em média de 3 a 5 farmárcias.

Emprego e salários: As pequenas cidades costumam depender principalmente de agricultura e pecuária, a maioria da força de trabalhadores está empregada em atividades rurais, uma parcela é empregada nos pequenos comércios da cidade, outros trabalham nos serviços públicos da prefeitura. 
O ramo industrial é presente em várias cidades (mas não em todas) e é dominado por cooperativas agrícolas e empresas que produzem alimentos, várias cidades tem pelo menos uma grande cooperativa agroindustrial, empresas que cuidam do abate de gado ou frangos e usinas de açúcar e álcool, porém é raro que uma cidade tenha mais do que uma dessas empresas. A maioria dessas empresas costumam empregar entre 100 a 400 funcionários (isso em cidades de até 15k).
Se você está procurando por outro tipo de indústria é bem mais difícil de encontrar, claro, existem pequenas industrias (com 5 a 15 funcionários) mas são empresas muito pequenas. 
Os salários costumam ser baixos nas pequenas cidades, a maioria das pessoas acaba encontrando remuneração entre 1,2k-2,0k por mês. Se você ganha mais do que isso em uma pequena cidade já está bem acima da média. O serviço público também paga salários nessa faixa, se você for professor, contador ou advogado em uma pequena cidade o seu salário é um pouco mais alto (na faixa dos 3k-4k), caso queira conferir basta entrar no Portal da Transparência de qualquer cidadezinha ou ver anúncios de vagas em empresas que vai comprovar o que digo. 

Lazer: Se você tá acostumado com baladas, bares, restaurantes, show's, teatro e cinema então é bom esquecer a vida no interiorzão. As pequenas cidades não tem opção de entretenimento na maior parte do ano, o que você tem pra fazer nos finais de semana é ir na casa de um amigo e fazer um churrasco com ele (isso é muito comum), também pode ir para algum clube tradicional (normalmente de funcionários públicos ou de alguma comunidade tradicional, principalmente gaúchos, italianos e alemães).
Se você curte um barzinho com os amigos no happy, o padrão de bar do interior é esse aqui:
02/05/11 – Bar do Salomao | augusto no buteco
O padrão de bar no interiorzão do Brasil

Esse é o perfil mais comum de bar, é o tradicional 'buteco', são estabelecimentos simples, com essas mesas e cadeiras de plásticos patrocinadas por marcas de cerveja, você costuma encontrar cervejas básicas (Skol, Brahma, Itaipava e Glacial) em alguns deles vai encontrar Heineken e Stella (mas na maioria das vezes não), pinga e pra comer eles costumam ter pastel frito e espetinhos de carne, e assim como as cervejas é apenas em alguns que você vai encontrar porções. É difícil encontrar algum tipo de música ao vivo, a maioria tem apenas um sistema de som comum tocando alguma rádio local ou músicas de pen-drive e uma TV de 32'' ou 43'' que costuma ficar sintonizada na Globo em dias de jogos de futebol (a maioria das pessoas usam parabólica, ou seja, o sinal dos bares costuma ser da GLOBO RJ). Se quiser um pub ou algum daqueles bares temáticos com cervejas artesanais pode esquecer, até que vez ou outra alguém resolve montar um bar nesse perfil, mas costuma fechar em pouco tempo. Os bares temáticos ou chiques são mais fáceis de encontrar nas cidades polos.
Quase toda cidade tem pelo menos uma grande festa por ano, essas festas dependem muito da região, mas costumam estar ligadas as tradições imigrantes, ligadas a agricultura ou algum santo padroeiro local, também é comum a realização de rodeios de touros e cavalos. A maioria das festas acontecem na data do santo padroeiro ou do aniversário da cidade, costumam durar 3 ou 4 dias, e a cidade inteira vai nelas! Existe uma pressão social pela sua presença. Os jovens das cidades pequenas vizinhas como estão na idade de querer curtir costumam ir sempre nas cidades próximas curtir essas festas, assim tem um pouco mais de opção por ano. Normalmente é apenas 1 ou 2 eventos no ano.
Nas pequenas cidades não existem teatros ou cinemas. Se quiser ver o último lançamento do cinema é bom ir pra alguma cidade polo.
Pracinha do Interior - Avaliações de viajantes - Praça Siqueira ...
Uma praça típica de interior.

Aquele fetiche das pessoas reunidas em praça de igreja é um dos maiores mitos sobre o interior. É verdade que quase toda cidade tem uma praça central (na maioria das vez é a única praça) e muitas tem uma igreja católica nessa praça. A praça é o centro da cidade, é envolta dela que costumamos encontrar os principais comércios, bancos, igreja, prefeitura e uma ou outra casa da 'elite local'.
Durante o horário comercial é pouco comum alguém parar ali pra sentar ou fazer qualquer coisa, salve alguns idosos que param lá pra conversar, já que a praça é cercada por serviços essenciais é fácil encontrar alguém nos arredores. No final de semana ás praças ficam vazias, às pessoas costumam ir uma na casa da outra, e os jovens quando não estão na casa de outros jovens vão curtir o FDS nas cidades polos.

Comércio em geral (lojas, bancos, mercados e prestadores de serviços): Nas cidades pequenas não existe shopping center e você também não vai encontrar nenhuma loja de grande rede de vestuário ou móveis. A maioria tem várias pequenas lojas de roupas em geral, uma ou outra loja de eletrodomésticos e móveis também de empresários locais, loja de material para construção, loja de produtos agrícolas (normalmente são as veterinárias), alguns consultórios odontológicos. 
Nas pequenas cidades você tem poucos bancos, a maioria tem dois bancos, normalmente um é uma agência de um grande banco de varejo (BB, Bradesco ou Itaú) e o outro costuma ser alguma cooperativa de crédito. Você não encontra Banco24h a menos do que horas de estrada. É necessário ter conta nesses bancos pois muita gente trabalha com cheque no interior e você precisa depositar ou trocar cheques nos bancos, nem todo comerciante aceita maquininha de cartão de crédito e muitos serviços você só consegue pagar em dinheiro. Esse negócio de fintech não é nada prático no interior.
As grandes redes de supermercados se quer existem, o que você encontra são os mercadinhos locais, eles tem uma boa variedade de produtos e uma cidade com 15k costuma ter quatro ou cinco mercados, porém nada de hipermercados e o preço das mercadorias naturalmente é mais caro, o comerciante tem dificuldade de negociar desconto com os distribuidores. Se você acha que precisa comprar em algum hipermercado ou atacadão é bom aceitar pegar estrada e ir pra outra cidade maior.

Vida cotidiana: "Todo mundo sabe da vida de todo mundo" é a frase que resume a vida nas cidadezinhas, se você chegar de fora pra morar na pequena cidade todo mundo vai perceber que você não é dali, pois todo mundo se conhece. Se você acha que por ser de São Paulo, Porto Alegre, Curitiba e etc quando chegar no interior o pessoal vai achar você diferente, ás mulheres vão se jogar aos pés do forasteiros é bom esquecer a cidade pequena, ninguém liga se você veio da cidade grande.
Toda pequena cidade tem a sua elite local, normalmente são famílias tradicionais e ricas, costumam ser donos de terra, pontos comerciais, supermercados ou então são médicos. Nas eleições ninguém liga para o partido político do candidato, às candidaturas envolvem mais a pessoa do candidato do que as propostas que costumam ser todas as mesmas e sem ideologia política. 
Se você é de fora e chega na cidade, não vá achando que vai ser tão fácil se enturmar com o pessoal, a maioria das pessoas já tem suas panelinhas e elas são fechadas. Se está chegando no interior e tem parente na cidade é mais fácil se enturmar, se tiver parentes na cidades e eles forem da 'elite local' você vai se enturmar mais fácil ainda.
A elite local no interior costuma passar de geração para geração, ou seja, existem sobrenomes proeminentes nas cidades, é como se fosse uma pequena nobreza. As dificuldades econômicas que a maioria das pessoas tem, os baixos salários, a dificuldade de empreender, o baixo acesso a educação e a própria demografia ajudam a dificultar muito a mobilidade social.
É bom ter consciência de que se você sair no soco com alguém a cidade inteira vai falar, se você estiver saindo com fulana ou ciclana, todo mundo vai saber, pois as pessoas estão cuidando da vida de todo mundo e é parte da cidade.

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Espero que depois desse post você tenha uma noção melhor sobre como o interior funciona, aqui não é o paraíso, quem está acostumado com a vida na cidade grande não vai se adaptar fácil, é uma vida de mais limitações e com pouco idealismo.

Se você está na jornada FIRE e quer viver ela no Sul do Brasil nas pequenas cidades eu recomendaria repensar isso, tente procurar pelas cidades polos regionais (com mais de 100k) elas costumam ter uma qualidade de vida melhor. Se você quer vir pras pequenas cidades na esperança de viver uma vida como Alfa é bom esquecer isso.

Se alguém tiver ficado com alguma dúvida sobre a vida no interior pode deixar nos comentários que eu respondo.

18 comentários:

  1. Finalmente alguém pra postar algo mais realista sobre a vida em pequenas cidades. Fiz dois comentários no post do Mago onde você também comentou.

    Tem muita idealização sobre a vida em cidadezinha e muitos ignoram o quão "sufocante" sob alguns aspectos é morar em cidades com 5, 10k/hab.
    Essa idealização pode ser vista em muitos comentários em vídeos do Youtube focados em desenvolvimento pessoal/espiritual ou mesmo mulheres e masculinismo.
    Muita gente viajando na maionese achando que se morar no micro cidade dessas vai estar livre da inveja, da fofoca, das panelinhas, da ostentação etc.
    Essa na realidade é maior ilusão.
    Em cidade pequena desse porte é onde a pessoa fica mais visada. Onde as pessoas mais especulam sobre sua vida.
    Em cidade pequena os rótulos são mais fortes e difíceis de serem superados.
    Mas as pessoas insatisfeitas com suas vidas e alimentando ilusões juvenis, julgam que fugindo e se escondendo em pequenas localidades entrarão numa espécie de paraíso perdido na Terra.

    Como comentei no post do Mago, moro em cidade pequena, coincidentemente com seu post no Sul do Brasil (mais idealizado ainda) e já morei na grande São Paulo, portanto falo com conhecimento de causa.
    Claro que há pontos positivos em cidades pequenas, mas também há negativos que nao devem ser igonorados.

    OBS: Mulher de cidade pequena não é diferente das dos grandes centros, no máximo elas tem menos opções, mas não são castas, bebem pra caralho (boa parte delas), há infidelidade, hipergamia etc. E gostam de festas, sair, ir pra outras cidades, praia etc (as que podem ou alguém banca).

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    1. Tem mais, pra quem é comerciante o Fiado ainda é uma realidade em cidades desse porte, portanto quem chega de fora e quer direto abrir um comércio tem que estar ciente disso, caso contrário por não conhecer a clientela terá dores de cabeça.

      Quem for modar na zona rural, seja em sítio, fazenda ou chácara deve ficar atento a conservação das estradas rurais, se estas estiverem ruins, pode ser necessário correr atrás do pessoal da prefeitura, caso você não seja do local, pode e provavelmente vai ficar no fim da fila dos serviços.
      Ainda sobre zona rural, é importante saber antes de comprar uma propriedade, se a região são comuns roubos a propriedades rurais.
      Em muitos locais do interior do Brasil, roubos a propriedades rurais são bem comuns.

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    2. Anônimo obrigado pela sua excelente contribuição!

      Você tocou em pontos relevantes:

      As mulheres em cidade pequena não são nada diferentes do que em grandes cidades, e tem gente na internet que acha que vão se jogar aos seus pés simplesmente pq o cara veio da capital, isso não existe, vale tanto pra homem quanto para mulher.

      Sobre os roubos na área rural é um ponto relevante e que acabei me esquecendo. Aqui na minha região o que é mais visado no campo são: residência das elites da cidade e principalmente propriedades com rebanho de gado. Os roubos não costumam terminar em morte, mas são bem frequentes e é preciso ficar atento. O pessoal que mora no campo costuma ter um grande receio da bandidagem.

      A conservação das estradas rurais é um problema, mas depende muito do tipo de solo da região que você mora, não vou entrar em detalhes de geologia, mas alguns tipos de solos comuns no sul do país viram uma verdadeira polenta em dias de chuvas. O que eu recomendo é sempre morar o mais próximo possível da cidade ou de uma rodovia estadual, essas áreas tem trafego maior de veículos e as prefeituras costumam cuidar melhor, morar longe da área urbana do município é quase que pedir pra arrumar dor de cabeça quando chove forte.

      Abraços,
      Pi.

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  2. Tenho vontade de morar no interior assim que alcançar a IF.

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    1. É uma questão de colocar na balança os prós e contras, pra quem vive em São Paulo ou Rio de Janeiro é uma mudança impactante.

      Se topa uma vida com limitações de infraestrutura e serviços e não se importa tanto com todo mundo cuidado da sua vida, é uma boa pedida.

      O interior tem suas vantagens, a qualidade da água aqui onde moro é ótima, o ar é limpo e se você curte caminhada na natureza vai encontrar um ambiente muito melhor do que no Parque do Ibirapuera.

      Abraços,
      Pi.

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  3. Para mim que moro no interior, vejo como beneficio maior a facilidade de se fazer amizades, além de normalmente conhecer todo mundo. Então cria-se um clima de comunidade muito grande e isso faz bem a maioria dos seres humanos. Visto que fomos feitos para sentir prazer em comer, fazer sexo e socializar. Aliás, falando de sexo, cidade pequena é o pior lugar para o cara se satisfazer nesse aspecto, são poucas mulheres solteiras.

    No mais, não sei se mudaria de minha cidade, só digo que teria vontade de morar em uma cidade grande para ter uma qualidade de vida melhor, principalmente se eu tivesse filhos. Porque provavelmente eu iria querer colocar ele para praticar esportes, e na minha cidade por exemplo, as crianças não tem acesso a esporte.

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    1. Peão Playboy eu concordo com você, na verdade quero deixar claro que não sou contra as pequenas cidades do interior, sempre vivi em pequena cidade. O problema é que existe uma romantização da vida nas pequenas cidades do sul do Brasil por parte do pessoal que mora nos grandes centros urbanos. A questão da amizade é um ponto interessante, eu não diria que é mais fácil quando a cidade é muito pequena, mas não conheço a realidade das grandes cidades, quando vou a trabalho pras capitais eu percebo o pessoal mais introspectivo.

      Sobre a sua vontade de morar em uma grande cidade eu compreendo seus motivos e é justamente a infraestrutura e diversidade de serviços que são os piores aspectos da vida no interior. Eu não gostaria de morar em uma grande cidade, particularmente se quer gosto de viajar para as metrópoles, porém morar em cidades médias (200k-400k) é uma excelente opção, você fica no meio termo entre o campo e as grandes cidades e o acesso a serviços é muito mais fácil.

      A questão dos esportes é um problemas nas pequenas cidades, você nunca tem opção além do tradicional futebol e o ciclismo estrada, se você quer praticar tênis, handebol e judô nunca encontra um lugar com estrutura adequada e quando encontra é difícil encontrar alguém pra jogar com você.


      Abraços,
      Pi.

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    2. Sobre a questão do sexo é algo realmente mais complicado, como a cidade é pequena o número de potenciais parceiras é menor e você não pode ligar muito com o pessoal comentando quem você tá pegando ou não, tem que aceitar que o povo vai falar, não importa se você é relevante ou não na cidade.

      A saída pode ser incluir as outras cidades vizinhas, mas é importante lembrar que ir pras cidades vizinhas envolve topar dirigir em média 40km-80km (ida e volta), tem que valer a pena.

      Abraços,
      Pi.

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    3. Sou o anon 19:30.

      Pra mim essa questão da amizade é mito.
      A convivência em cidade muito pequena muitas vezes é quase "forçada". As pessoas estudam na mesma escola, vão a mesma igreja, vão ao mesmo supermercado, pegam as mesmas mulheres e homens etc
      Aí esse convívio que nem sempre é amizade.

      Só pra dar um exemplo: Fiz faculdade aqui na região onde moro, numa cidade um pouco maior, ainda assim pequena e não ví essa amizade, não houve sinergia da turma.
      Quando morava na grande SP, fiz curso técnico, iniciei e parei faculdade e sempre percebi um clima de maior interação.
      Então vejo isso como relativo, depende muito da caracterísitica de cada grupo de pessoas e os locais nos quais essas pessoas se conhecem.

      Além do mais o controle social que rola em parte dos moradores das pequenas cidades chega a ser irritante.

      Cidade muito pequena ao meu ver é um bom negócio para uma parcela muito específica de pessoas ou para quem é nascido nesses locais que até por ter raízes familiares alí se vêem de certa forma "presos" a essas cidades.

      Posso dizer que tenho um coceito sobre a vida em pequenas cidades bem realista e quase nada entusiasmado em comparação a muitas pessoas.
      Outro ponto a se levar em consideração é que já está enraizado na mente de muitas pessoas que cidade pequena é bom e cidades grandes são ruins e isso não leva em consideração os detalhes que só quem mora ou morou nesses locais pode avaliar de acordo com suas preferências e necessidades.

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  4. Fala Poupador! Ótimo post sobre a vida nos rincões do bostil, a gente aqui que toma no rabo em cidade grande fica ansioso demais para acabar essa labuta e viver uma vida digna e tranquila. Um abraço!!!

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  5. Obrigado pela citação, Poupador!
    Você falou muita coisa que eu já imaginava, principalmente a questão da baixa mobilidade social. O fato de ter poucas pessoas na cidade diminui o mercado consumidor, então em consequência diminui a rotatividade do estoque, diminui a receita, e diminui o lucro. Para quem vem de fora, deve ser difícil abrir um negócio de algum ramo que já existe e competir com o pessoal local já estabelecido e que já conta com a amizade ou familiaridade dos cidadãos. Imagino que um forasteiro tenha mais chance sendo médico (acho que um médico a mais nunca é demais, principalmente se for especialista e de uma especialidade que não tenha na cidade) ou se trouxer um negócio que ainda não exista na cidade (mas pode se dar mal, porque se o povo não aceitar bem o novo empreendimento, já era).
    Acho que se eu conseguir algum dia atingir a Tranquilidade Financeira (TF) ou até mesmo uma If ou semi-IF, eu me mudaria para uma cidade de uns 100K-400K habitantes.

    Todo mundo que busca um paraíso na Terra está se iludindo. Esta é a verdade, no fim das contas.
    Forte Abraço!

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    1. Médico é estrela em qualquer cidade do interior, se um cara formado em Medicina topar ir pra uma cidade do interior (de 10k-15k habitantes) realmente vai ser um alfa na cidade, medicina tem status no interior.

      Agora médico especialista tem que buscar cidades com pelo menos 100k habitantes pra valer a pena, até porque essas cidades maiores tem sempre as pequenas cidadezinhas na redondeza que vão pra lá em busca de serviços médicos.

      Abraços.
      Pi.

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  6. Outro ponto importante é a questão médica: a pessoa que queira morar numa cidadezinha tem que estar disposta a enfrentar talvez horas de estrada caso necessite ir ao hospital e, estando doente ou machucada, não será uma viagem agradável...
    Esta é uma das coisas que me seguram quando penso em morar em um sítio em um lugar mais afastado.... eu poderia morrer de uma coisa bem fácil de ser curada, simplesmente por não chegar ao médico a tempo. Por outro lado, desde que o mundo é mundo há pessoas morando em lugares ermos, e essa questão da saúde nunca foi impeditivo para muita gente.

    Infelizmente é algo que tem que ser levado em consideração nos planos de qualquer um...

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    1. Falo por experiência própria, a cidade de referência médica pra minha pequena cidade fica a 45 minutos de estrada. É horrível a viagem quando você não tá legal.

      Em pequenas cidades não existe UTI e elas costumam ter um Pronto Atendimento que tenta segurar a pessoa viva até o deslocamento pra cidade maior.

      Aqui na minha região até existiam hospitais em varias cidades pequenas, mas nos últimos 20 anos todos eles fecharam.


      Abraços,
      Pi.

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  7. Fala PI, belo artigo mostrando a parte ruim de morar em cidade pequena. O Cowboy Investidor tinha feito um post assim também uma vez. A vida no interior me atrai, porém seria nisso que vc chama de cidade-polo. Mínimo 50 mil habitantes e a no máximo 2 horas da capital pra quando bater saudade do transito, barulho, poluição e muvucas. Tinha um cara com um blog super engraçado, falava que pegava a mulherada da cidadezinha e tal, mas apagou o blog. Só achei isso aqui, divirta-se: http://forum.bufalo.info/showthread.php?tid=634

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    1. Obrigado.

      Sobre o Roger da Cidadezinha a descrição dele sobre a vida nas pequenas cidades é bem realista, o que acho um pouco exagerado é quando ele trata do tema mulheres, parece ser aquela velha visão idealizada dos JPFB de São Paulo.

      Abraços,
      Pi.

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  8. Cara sou do interior de sc, moro numa cidade por volta de 50 mil habitantes, te digo que tem quase tudo que preciso, shopping tem cidade do lado, 1 hora de carro, no demais tem tudo. Se você for em cidades de até 5 mil habitantes costumo ser bem assim que nem tu postou, a partir de 30 mil habitantes, tu já acha boas cidades com tudo que precisa.

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    1. Olá, Anon.

      A realidade que eu quis trazer no post foi dessas pequenas cidades, com até 15k habitantes.

      Realmente em cidades acima de 50k já tem uma estrutura bem melhor, mas uma estrutura de metrópole só em cidades com mais de 200k.

      Abraços,
      Pi.

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